Publicada em 04/08/2016 às 11h52.
Começa a época das baleias no mar de Maragogi
São dezenas de baleias jubartes que cruzam o atlântico todos os anos, passando pela costa brasileira.

Hoje, dia 4 de agosto, completamos 30 dias do blog Meio Ambiente e Turismo aqui na Gazetaweb. Por isso reservamos para essa data uma matéria especial, que foi o registro da baleias jurbates no mar de Maragogi, no Litoral Norte de Alagoas. Coincidentemente, também se inicia hoje o período de acasalamento desses mamíferos exuberantes na costa brasileira. Foi com certeza uma das reportagens que marcaram os meus 25 anos de jornalista.



Foram 20 dias aguardando o momento ideal para entrar no mar em busca das baleias, que todos  os anos procuram o nosso litoral para se acasalar, entre o período de agosto a outubro. São dezenas de baleias jubartes que cruzam o atlântico todos os anos, passando pela costa brasileira. No Nordeste, um dos pontos mais procurados pelos turistas para ver esses mamíferos maravilhosos é o arquipélago de Abrolhos, no litoral baiano.


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Entretanto, ficamos sabendo, através de pescadores de Maragogi e Japaratinga, que seria possível observar as baleias em nosso litoral, a uma distância razoável, cerca de uma duas horas da praia. E foi aí que embarcamos no barco Filho do Monte 2 rumo ao mar, com a equipe do experiente pescador Ivanildo de Oliveira, também conhecido como Alemão.


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Nossa aventura começou logo cedo, por volta das 5 horas da manhã,  em direção à arrebentação, na passagem entre os arrecifes. O mar balançava o barco moderadamente, o que nos deu no início enjoo, que foi controlado com a ingestão de “Dramin” – medicação usada para evitar esse problema em alto mar.


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Encontramos mais adiante barcos de pesca que tinham saído mais cedo que nós.  Paramos juntos para nos informar sobre as baleias e obtivemos as primeiras informações: “Elas estavam  logo cedo ali, ‘brincando’”, disse um dos pescadores. De imediato, resolvemos continuar rumo ao alto mar, em busca da jubartes.


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O mar, à essa altura, passou a ter uma tonalidade azul escuro e as ondas ficaram mais fortes e altas. O barco balançava agora bastante e logo o enjoo tomou conta dos marinheiros de primeira viagem. Nosso piloto Guinho checava, no equipamento de GPS, o local onde iríamos parar garantir o sucesso da missão.


Por volta das 13 horas, chegamos ao ponto exato,  chamado Cabeço. Os motores foram desligados a 3 milhas da costa. Dava para ver a torre da operadora TIM em Maragogi. Agora tudo dependia da paciência e da disposição física para aguardar as baleias aparecerem.


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Para passar o tempo, começamos a pescar, mas sempre atentos ao mar para avistar as baleias. Os peixes começaram a morder nossa isca. Apenas algumas “mariquitas”, peixes de cor vermelha e olhos grandes e que têm espinhos no dorso, oferecendo risco para quem a pega com a mão sem proteção.


Ela vem chegando

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A expectativa era grande quanto para aparecimento das baleias. Ficamos ali por quase uma hora pescando “mariquitas” e o enjoo era insuportável. Fui o primeiro a vomitar, quando de repente Alemão gritou: “Olha a baleia!”


Todos largaram as linhas de pesca e nossa equipe correu para pegar o equipamento e “mirar”, iniciando as fotos e gravando as imagens daquela enorme barbatana negra, que aflorava na linha d´água. Era uma baleia jubarte fêmea, com seu filhote. Tinha aproximadamente cerca de 30 metros de cumprimento.


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Uma visão maravilhosa, que nos deixou atônitos e extasiados. Uma mistura  de medo e alegria. Logo ligamos o motor do barco, para se aproximar. Mas nem foi preciso a jubarte veio para perto de nós,  como se apresentando junto com o filhote. Uma visão magnífica! Um animal maravilhoso. símbolo da grandiosidade do criador.  Vi ali, no meio daquele mar azul turquesa, diante daquele mamífero magnífico, como somos pequenos.


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Como num clássico do Balé Bolshoi , a mamãe baleia e seu filhote subia e descia no mar, “dançado” para nós. A cena causou grande emoção, até mesmo ao velho e experiente Alemão. A mamãe baleia parecia brincar conosco, passando ao lado do  barco e mergulhando por baixo, saindo do outro lado.


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Manobras que nos deixavam extasiado e também com medo. O filhote não sai de perto da mãe em momento algum. Observamos também que, ao lado da baleia, outros peixes também grandes a acompanhavam. Segundo Alemão, eram as “bicudas”, que acompanham as jubartes em seu percurso pelo Oceano Atlântico.


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Esse foi um espetáculo da natureza e tivemos o privilégio e a exclusividade de ser a primeira equipe de reportagem alagoana a registrar em alto mar a presença e baleias vivas nadando.


Segundo Alemão, a partir daí Maragogi passa a ter mais uma opção de passeio que vai com certeza atrair muitos turistas. “Eu estou pronto para iniciar esse trabalho”, avisa ele, que mora na cidade onde todos o conhecem e que chegou a ser vereador e presidente da Colônia de Pescadores.


A jubarte é conhecida como baleia cantora

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A baleia que vimos é da espécie Jubarte, também conhecida como baleia-cantora, porque emite longos e complexos cantos musicais durante horas (ou até dias), padrões de notas graves que variam de amplitude e frequência repetindo sequências de forma coerente e organizada. As baleias somente cantam durante o período de acasalamento, por isso supõe-se que as canções tenham por finalidade atrair parceiros. Um fato interessante é que a canção, própria de cada baleia, evolui lentamente durante sua vida e nunca volta a uma seqüência de notas já cantada, mesmo anos depois.


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A espécie alimenta-se exclusivamente durante o verão e vive de suas reservas de gordura durante o inverno. É um predador ativo que caça kril, copépodes e peixes em cardumes, como o arenque ( Clupea harengus), o salmão o carapau(Scomber scombrus), o escamudo( Pollachius virens), a arica (Melanogrammus aeglefinus), no Atlântico Norte, seja atacando-os diretamente ou golpeando a água com suas barbatanas para atordoá-los previamente.


A baleia jubarte tem o mais diversificado repertório de métodos alimentícios de todas as baleias.  Sem dúvida, a técnica de pesca mais original da jubarte é a de borbulhas de ar. Esta técnica foi desenvolvida por cerca de 250 indivíduos apenas. Várias baleias formam um grupo que cerca o cardume por baixo e expulsam o ar de seus pulmões, formando uma rede de bolhas que vão forçando o cardume a se concentrar e subir para a superfície. Esta cortina de bolhas serve também para esconder visualmente as baleias até o ataque final, quando estas sobem com a boca aberta, tragando milhares de peixes de uma única vez.


O diâmetro da rede das borbulhas de ar pode alcançar 30 metros.  Algumas baleias assumem a tarefa de criar as bolhas, ao emitir sons, expulsando o ar através de seus espiráculos. Outras mergulham mais em direção ao fundo para forçar os peixes na direção da superfície.

 

 

 

Gazeta Web

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