Publicada em 13/10/2016 às 09h03.
Ex-alunos da USP criam aparelho que usa smartphone para exame de retina
Protótipo de retinógrafo portátil realiza procedimento de maneira prática.

Três ex-alunos da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos desenvolveram um protótipo que permite a realização de exames oculares de maneira prática, barata e com o uso de smartphones. A expectativa dos pesquisadores é que o equipamento, que ainda não foi testado em humanos, seja comercializado no primeiro semestre de 2018.

O sistema venceu o Falling Walls Lab São Paulo, etapa classificatória da competição global que incentiva a criação de soluções de alto impacto na sociedade. Agora o projeto irá representar o Brasil na final da competição, que será realizada em novembro, na Alemanha.

Qualidade de imagem


Batizado de Smart Retinal Camera (SRC), aparelho é uma versão portátil do retinógrafo, utilizado em exames de retinografia para observar e registrar fotos da retina. Examinando as imagens, os médicos conseguem descobrir problemas que podem comprometer a visão.


Acoplado a celular, protótipo oferece melhor qualidade de imagem (Foto: Reprodução/EPTV)
Acoplado a celular, protótipo oferece uma melhor
qualidade de imagem (Foto: Reprodução/EPTV)

Segundo os pesquisadores, apesar de o sistema óptico ser reduzido, as imagens obtidas pelo SRC têm qualidade tão boa quanto a dos equipamentos tradicionais. Acoplado a um aparelho celular, ele tem um sistema específico de iluminação que consegue colocar uma luz no fundo do olho do paciente para obter a imagem e, por meio da própria câmera do smartphone, é possível capturar imagens da retina, ajudando o médico no diagnóstico.

“Como a gente está usando o smartphone, é possível encaminhar essas imagens para a nuvem na internet e o médico conseguiria, nesse caso, dar um diagnóstico remoto. O especialista pode atuar na sua clínica, por exemplo na capital, e o operador pode trabalhar em campo coletando essas imagens para diagnóstico”, explicou o engenheiro de computação José Augusto Stuchi, um dos autores do projeto.


Ex-alunos da USP, pesquisadores vão levar projeto para Alemanha (Foto: Reprodução/EPTV)
Ex-alunos da USP, pesquisadores vão levar projeto
para exibir na Alemanha (Foto: Reprodução/EPTV)


Diagnóstico precoce


Para Paulo Schor, professor chefe do Departamento de Oftalmologia da Escola Paulista de Medicina, o ponto forte do protótipo é ajudar no diagnóstico precoce. “Eles tiveram uma ideia excelente em termos de iluminação para dentro do olho, o que faz com que seja possível aproveitar o máximo a sensibilidade dessas câmeras. Então a imagem é tão boa que é possível fazer o diagnóstico, não só a triagem, dá para falar o que o paciente tem”, afirmou.

Os pesquisadores demonstraram a capacidade do protótipo em um olho didático, usado em aulas de anatomia. Na câmera do celular aparece todo o fundo do olho em detalhes e com definição. Dá pra tirar fotos de partes e depois unir cada uma é formar uma imagem panorâmica. Para desenvolver o SRC, eles fundaram uma startup e contaram com o financiamento do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Combate a doenças


O retinógrafo portátil pode ajudar a corrigir uma deficiência que hoje existe no Brasil. No país, são 6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência visual e 85% das cidades não têm especialistas,  segundo o Conselho Brasileiro  de Oftalmologia.

Para Stuchi, diagnosticar desde cedo uma doença possibilita que se previna e trate o paciente para que ele não fique cego. “Por ano, 500 mil crianças perdem a visão no mundo e 80% de todos os casos de cegueira do planeta são evitáveis”, afirmou o pesquisador.


Protótipo do equipamento (Foto: Reprodução/EPTV)
Protótipo do SRC foi desenvolvido pelo trio com
o apoio da Fapesp (Foto: Reprodução/EPTV)

Segundo ele, fomentar a maior distribuição de retinógrafos pelo Brasil contribuiria não somente para a realização de mais exames, mas também para estudos específicos sobre as doenças e a melhor forma de combatê-las.

O físico Diego Lencione contou que o irmão dele sofreu com problemas na visão desde criança. “Ele foi desenvolvendo alta miopia, isso levou ele ter descolamentos de retina conforme foi crescendo. Convivi com ele todos esses anos, ele foi superando essas barreiras, e isso foi uma inspiração muito grande na empresa. Eu sempre tive o sonho de cooperar com algo nessa área”, contou.

Avanços


Agora os brasileiros se preparam para ir a Berlim, entre os dias 8 e 9 de novembro, quando outros 99 vencedores de diversos países irão mostrar suas ideias na final da Falling Walls Lab. “Vai ser uma oportunidade muito boa para a gente fazer um networking, mostrar essa solução em outro país, conversar com especialistas de lá, receber um feedback, acho que isso é muito interessante”, disse Stuchi.

“O que a gente imagina de ápice do equipamento é a gente fazer um exame em uma comunidade remota no meio do Amazonas, em um barco consultório, e um médico em São Paulo, em um centro de especialidades, fazer uma avaliação daquele fundo de olho que foi fotografado remotamente”, completou o engenheiro elétrico Flávio Vieira.


Equipamento usado em exames de retinografia para observar e registrar fotos da retina (Foto: Reprodução/EPTV)
Equipamento atual usado em exames de retinografia para observar a retina (Foto: Reprodução/EPTV)
G1
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