O procurador do Ministério Público de Pernambuco Ricardo Lapenda afirmou, nesta quinta-feira (1º), que os desvios na Prefeitura de Ribeirão, na Zona da Mata Sul do estado, chegam a R$ 5 milhões em dois anos. O montante é referente apenas ao que está sendo investigado pela ‘Operação Terra Arrasada II’, que investiga um esquema que envolve fraude em coleta de lixo. O prefeito da cidade, Romeu Jacobina de Figueiredo (PR), e mais seis pessoas foram presas.
Na ação, realizada em parceria entre Polícia Civil de Pernambuco e Ministério Público, foram apreendidos documentos e seis armas de fogo. O armamento estava em um sítio e numa residência de um dos empresários ligados ao esquema, também preso. Foram apreendidos ainda R$ 17 mil em dinheiro na casa do empresário.
O prefeito Romeu Jacobina de Figueiredo foi preso em seu sítio, em Ribeirão, e levado por policiais ao Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri), em Afogados, na Zona Oeste do Recife. Na chegada, ele preferiu não responder às perguntas da imprensa. A reportagem segue tentando localizar a defesa do político.
De acordo com o procurador do MPPE, o gestor público participava de um esquema de fraudes envolvendo a coleta de lixo. Uma empresa fantasma, de propriedade do mesmo empresário que tinha as armas, desviou recursos de licitações públicas.
Lapenda explicou que o empresário trabalhava em um pequeno escritório. Lá, não havia nem espeço para acomodar os caminhões de coleta. “A sede não comporta nenhum caminhão. O empresário ficava com o dinheiro das licitações superfaturadas e subcontratava cachambeiros através de um terceiro indivíduo”, detalhou.
O procurador disse, ainda, que os envolvidos estavam tentando esconder documentos. A investigação também atingiu um posto de combustíveis na cidade. No estabelecimento, caminhões de coleta de lixo eram abastecidos. O prefeito, que não foi reeleito, segundo Ricardo Lapenda, vai perder o foro privilegiado, em 2017. Por isso, as ações “Operação Terra Arrasada II’ serão conduzidas pela Comarca de Ribeirão.
O procurador lembrou que o prefeito e os servidores comissionados, também presos nesta quinta, já tinham sido afastados pela Justiça. O gestor, no entanto, conseguiu voltar para o cargo. “Detectamos que ele continuava a dilapidar o patrimônio público”, afirmou.
O delegado Nelson Souto, gestor do Depatri, ressaltou a importância da operação e salientou o êxito dos policiais e promotores públicos. “Todos os sete mandados foram cumpridos, assim como as buscas nas residências e estabelecimentos comerciais”, declarou.
Os mandados da operação foram cumpridos em Ribeirão, no Recife e em Vitória de Santo Antão. De acordo com a polícia, o prefeito vai responder por falsidade ideológica e peculato.
Na execução do trabalho operacional, participam cerca de 85 policiais civis, entre delegados, agentes e escrivães. A operação é supervisionada pela Chefia da Polícia Civil, contando com o suporte da Diretoria de Inteligência (DINTEL) e a Coordenação de Planejamento Operacional (CPO) da PCPE.
G1