"Bastava olhar a expressão no rosto do garoto. Depois, ele me confirmou que estava sendo ameaçado de morte”. Essas frases são do homem que evitou o sequestro de um estudante de 13 anos na quinta-feira (16) na Torre, Zona Oeste do Recife. Sem se considerar herói, mas um cidadão comum, ele deu entrevista à TV Globo no fim da manhã desta sexta-feira (17).
Por telefone e sem se identificar publicamente, o homem de 40 anos contou com detalhes como percebeu a investida criminosa e agiu para impedir o sequestro, usando até spray de pimenta. “Não tive dúvidas na hora de agir. Não por ser lutador de artes marciais ou por ser herói. Vi aquela situação e parei o carro, desci, me joguei sobre a pessoa que estava com o garoto e coloquei o menino no carro”, contou.
Tudo aconteceu quando o homem passava de carro com os filhos, na saída da aula. Pouco tempo antes, a vítima, com o uniforme de uma tradicional escola religiosa de um bairro nobre do Recife, havia sido abordada no bairro da Jaqueira, na Zona Norte, distante cerca de 1,5 quilômetro do local do resgate. Ele andava ao lado de um homem e outro seguia na frente.
“Vi esse menino com o uniforme da escola e dois homens que não seriam, de maneira alguma, amigos ou não estariam transportando ele de maneira não amigável. Impressionante é que ele andou o percurso inteiro e ninguém fez nada”, disse o homem.
Depois de deixar o local do resgate, o homem perguntou ao menino o que estava acontecendo. “Ele informou que os suspeitos disseram para ele não olhar para trás. Caso contrário, ele seria morto”, declarou. O homem revelou não ter visto, em nenhum momento, arma de fogo ou faca com os suspeitos.
Ele disse que acredita ter agido apenas como um cidadão atento. “Numa situação de conflito em que vivemos, todos devem cuidar da segurança da população”, observou.
O homem conheceu a família do menino. "Eles reconheceram a minha atitude. E demonstraram agradecimento, como deveriam ter feito”, acrescentou.
O delegado Paulo Rameh informou que a polícia está investigando o crime. Familiares do menino prestaram queixa na Delegacia de Casa Amarela, na Zona Norte da capital. No fim da manhã desta sexta, o pai e a mãe da vítima estiveram com o delegado, em companhia do homem que evitou o sequestro.
A polícia vai procurar estabelecimentos localizados na área do resgate para tentar encontrar imagens dos dois homens suspeitos. “Tem um restaurante grande, um posto de gasolina e um prédio bem perto. Esses suspeitos devem ser moradores de comunidade da Torre”, afirmou.
O caso, segundo o delegado, será tratado como tentativa de sequestro. “Eles poderiam levar o menino para algum local e telefonar para pedir dinheiro. Ou pior, eles iriam para uma área sob um viaduto da região para praticar crime sexual”, observou o delegado. O fato teve grande repercussão nas redes sociais.
G1