Publicada em 28/03/2017 às 17h14.
Ex-presidente da Petrobras é preso na 39ª fase da Lava Jato
Segundo MPF, ex-gerente detido assumiu a responsabilidade pela propina quando atuava na área de Engenharia e Serviços da estatal.

Um ex-gerente da Petrobras foi preso na 39ª fase da Lava Jato, que nesta terça-feira (28) cumpre seis mandados no Rio de Janeiro. Segundo a Polícia Federal, o mandado de prisão preventiva de Roberto Gonçalves era para o Rio, mas ele foi preso em Boa Vista, Roraima.


Roberto Gonçalves sucedeu Pedro Barusco – condenado na operação por lavagem de dinheiro, associação criminosa e corrupção – como gerente-executivo da área de Engenharia e Serviços da Petrobras, onde atuou no período de março de 2011 a maio de 2012. "Na sucessão do cargo também se passou o bastão da propina", afirmou o procurador Roberson Pozzobon. Segundo a investigação, Gonçalves usava offshores na China e nas Bahamas para dissipar valores de propina recebidas.


Gonçalves já vinha sendo investigado pela força-tarefa da Lava Jato a partir de apurações internas na Petrobras e também por depoimentos prestador por delatores. Em novembro de 2015, ele havia sido preso temporariamente na Lava Jato. Na época, segundo Pozzobon, Gonçalves negou ter contas no exterior.


Dessa vez, a investigação recebeu documentos das autoridades suíças que, segundo o Ministério Público Federal (MPF) no Paraná, apontam que Gonçalves teria contas no país para ocultar o recebimento de propina. Com essas provas, foi solicitada a prisão preventiva do ex-gerente da Petrobras. Diferentemente da prisão temporária, na prisão preventiva, não há prazo para liberação do suspeito.


Ricardo Pessoa, dirigente da UTC, e Mario Goes, operador financeiro do esquema, disseram nas delações premiadas que pagaram propina para Gonçalves. Segundo o MPF, eles apresentaram documentos de quatro depósitos de US$ 300 mil feitos no exterior, a partir de uma conta em nome da offshore Mayana Trading, mantida por Goes.


Nesta nova fase da Lava Jato também foram usadas informações das delações premiadas de ex-executivos da Odebrecht e de Pedro Barusco.


De acordo com o despacho do juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância, Rogério Santos de Araújo – delator da Odebrecht – disse que Roberto Gonçalves repassava à Odebrecht informações sigilosas em outros contratos da Petrobras. Nesta decisão, Sérgio Moro autorizou a deflagração da 39ª etapa da operação.

Além de Roberto Gonçalves, o MPF informou que pessoas físicas e jurídicas ligadas à corretora de valores Advalor Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda. também são alvos da operação. Segundo o MPF, Goes, Barusco e o ex-gerente da área internacional da Petrobras Eduardo Musa afirmaram que usaram serviços da Advalor para receber propinas de contratos da estatal.


 

Outro lado

 

O advogado de Roberto Gonçalves, James Walker, afirmou que não vai se manifestar sobre as acusações porque ainda não teve acesso a todas as peças dos autos do caso. Segundo ele, Gonçalves estava visitando familiares em Roraima e foi surpreendido pela operação. O advogado disse que chegará em Curitiba nesta quarta-feira (29) para ter acesso aos autos e, só depois, vai se pronunciar.


A Odebrecht afirmou que não se manifesta sobre o teor de eventuais depoimentos de pessoas físicas e reafirmou o compromisso de colaborar com a Justiça. "A empresa já adota as melhores práticas de compliance, baseadas na ética, transparência e integridade”, diz trecho da nota.

 

PF detalha 39ª fase da Lava Jato (Foto: Reprodução/TV Globo)

 

Propinas

 

Pozzobon afirmou que Gonçalves, enquanto atuava na Petrobras, recebeu da UTC e da Odebrecht propina por obras no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Segundo a força-tarefa da Lava Jato no PR, foram identificadas cinco contas na Suíça. Uma delas tinha como beneficiário Rogério Araújo, executivo da Odebrecht, que tinha emprestado a conta, a pedido de Gonçalves, para recebimento de propina.


Outra conta, registrada em nome da offshore Fairbridge Finance S.A. e que tem Roberto Gonçalves como beneficiário final, recebeu, só em 2011, cerca de US$ 3 milhões de offshores ligadas ao "setor de propinas" da Odebrecht, afirmou o MPF.


O MPF apurou ainda que outra conta, em nome da offshore Silverhill Group Investment Inc., que também tem Gonçalves como beneficiário final, recebeu mais de US$ 1 milhão em 2014, provenientes da conta em nome da offshore Drenos Corporation, vinculada ao ex-diretor da Petrobras Renato Duque.


A soma dos valores de vantagens recebidas seria superior a US$ 5 milhões, segundo os procuradores. Pozzobon afirmou que, até o momento, foi identificada parte dos pagamentos que teriam sido recebidos por Gonçalves. Algumas das contas tiveram valores bloqueados para serem apurados. Segundo o MPF, foi feito sequestro de mais de US$ 4 milhões de conta ligada a Gonçalves.


Na decisão, Sérgio Moro afirmo que "os pagamentos efetuados no Brasil, em espécie, ainda não foram rastreados e é possível que existam outros pagamentos no exterior não identificados, assim como ativos criminosos não identificados no exterior e inclusive no Brasil, onde ele teria recebido valores em espécie".


Segundo o procurador, o esquema afetou diversas gerências da Petrobras ao longo dos anos e "ainda há muito a ser investigado" na estatal.


A informação inicial era de que Gonçalves estava no Rio, mas ele foi preso em Roraima, onde tem familiares. Segundo o procurador, não havia indícios de que ele estaria fugindo. Gonçalves deve passar esta noite em Boa Vista e ser transferido para Curitiba nesta quarta-feira (29). Ele é investigado pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção.


As ordens judiciais da 39ª fase foram expedidas pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. O nome da operação foi dado em razão da ação clandestina no mercado financeiro por parte dos investigados.


 

Nota da Odebrecht

 

“A Odebrecht assinou acordo com autoridades do Brasil, Estados Unidos e Suíça e está em entendimento avançado com alguns países da América Latina para esclarecer sua participação em atos praticados pela companhia. A Odebrecht já adota as medidas adequadas e necessárias para continuamente aprimorar seu compromisso com práticas empresariais éticas e de promoção da transparência em todas as suas ações.”

Em relação a Rogério Araújo, a empresa emitiu a seguinte nota:

“A Odebrecht não se manifesta sobre o teor de eventuais depoimentos de pessoas físicas, mas reafirma seu compromisso de colaborar com a Justiça. A empresa já adota as melhores práticas de compliance, baseadas na ética, transparência e integridade.”

 


G1

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