Publicada em 29/03/2017 às 17h43.
Sem previsão de acabar, greve do Detran-PE é a mais longa em 10 anos
Paralisação já dura 45 dias. Enquanto Governo e Sindicato não se entendem, diversas pessoas são prejudicadas pela falta de serviços.

Em uma das entradas da sede do Detran, no bairro da Iputinga, Zona Norte do Recife, porta fechada e aviso claro. / Jedson Nobre/JC Imagem

Em uma das entradas da sede do Detran, no bairro da Iputinga, Zona Norte do Recife, porta fechada e aviso claro.
Jedson Nobre/JC Imagem

Diogo Cavalcante

 

A greve dos servidores do Departamento Estadual de Trânsito de Pernambuco (Detran-PE) alcança, nesta quarta-feira (29), um índice histórico: 45 dias de braços cruzados, tempo recorde de paralisação nos últimos 10 anos. Enquanto órgão e servidores não se entendem, a população segue prejudicada sem ter acesso a serviços básicos.

 

Monique Karine, estudante de 24 anos, não consegue renovar sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH). "Eu já fiz a prova da categoria B antes da greve e passei. Falta a do tipo A, mas não consigo marcar prova nem pedir cancelamento porque tá parado. Eu não tenho culpa. Vou ter que pagar tudo de novo?", desabafou. A moça ainda relata que precisa da habilitação por causa do emprego: "Eles pedem que eu tenha carteira, mas como que vou conseguir se tá tudo parado?".


Desempregado há 10 meses, Daniel Bernardo da Silva, de 31 anos, conta que não pôde aceitar três propostas de emprego por, justamente, não estar com a carteira de habilitação em dia. "Eu fiz tudo direitinho para renovar ela (a carteira), só que o dia que a prova foi marcada, coincidiu com a greve. Não consigo ir para as entrevistas de emprego por não ter o documento atualizado", queixou-se.


De 2007 a 2017, houve sete paralisações oficiais, com suspensão de serviços. Mas nenhuma até então havia alcançado uma duração tão longa quanto a deste ano. Confira no infográfico abaixo:

 

 

Quem vai à sede do Detran, localizada no bairro da Iputinga, Zona Oeste da capital, na maioria das vezes só encontra portas fechadas. Foi o que aconteceu com o casal Henrique Vasconcelos e Graziela Valois, ambos de 25 anos e funcionários da Prefeitura de Camaragibe. Eles tinham agendado, pela internet, a comunicação de venda de um veículo que possuíam.


"O próprio site do Detran me deu esse horário. Chego aqui, tá fechado e me informam que o atendimento só vai até 13h30", relata Graziela. "Se a pessoa que comprou o nosso carro fizer algo, eu que vou ser responsável", complementa. "Eu acho que eles (grevistas) estão certos, mas não tem necessidade de uma greve dessas não, quem acaba pagando é a gente", opinou Henrique. "Agora é esperar voltar, né? Os pais dela compraram um carro zero quilômetro. Quero ver como que vão fazer para emplacar o carro", concluiu.



Henrique Vasconcelos e Graziela Valois: uns dos muitos prejudicados pela paralisação recorde (Jedson Nobre/JC Imagem)

Atingindo o bolso

O comércio de veículos, seja via concessionária ou diretamente com proprietário, também vem sendo afetado pela paralisação recorde. Paulo Miranda, 40 anos, comercializa carros diretamente. E afirma que já perdeu 40% de seus rendimentos mensais por culpa da greve: "Já perdi muito negócio por causa disso. A situação tá complicada pro mercado em geral".


Paulo relata que tanto o mercado de carros novos e seminovos estão afetados: "No de novos, não dá pra repassar o carro por falta de emplacamento. No de seminovos, falta a transferência de titular. Ninguém vai comprar um carro que não foi transferido".


E a greve?

O presidente do Sindicato dos Servidores do Departamento Estadual de Trânsito de Pernambuco (Sindetran-PE), Alexandre Bulhões, afirma que o governo continua sendo irredutível na negociação das reivindicações: "Não tem nenhum avanço. O que resta é esperar é o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) resolver".


A greve foi considerada ilegal pelo desembargador Eduardo Paurá. Como os grevistas não retomaram as atividades, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 180 mil das contas ligadas ao Sindetran-PE, amparado na tese de crime de desobediência de decisão judicial. O sindicato recorreu da decisão e, agora, cabe ao Detran apresentar contrarrazões ao agravo interposto - em outras palavras, apresentar sua réplica ao recurso.


Desde o dia 13 de fevereiro, as atividades do Detran estão praticamente paralisadas. Os únicos serviços que seguem funcionando são a entrega da Carteira de Habilitação e do Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV). Testes práticos e teóricos também podem ser feitos, mas apenas para as primeiras 40 pessoas que chegam, pela manhã, à sede na Iputinga. Fora isso, portas fechadas.

 

Promessas


Segundo Bulhões, o sindicato somente quer que o Governo do Estado cumpra o que prometeu à classe. Entre os pontos, a contratação de um plano de saúde - hoje, há um plano, mas contratado de forma emergencial, não licitado, o pagamento de insalubridade para quem trabalha com vistoria de veículos e a gratificação aos servidores que trabalham em todas as agências do Estado, não somente aos que ficam nas unidades localizadas nos shoppings. “Há um acordo não cumprido, e acordo tem força de lei. Não pode fazer e depois fingir que não existe.”, reclamou.


JC Online
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