Manifestantes se chocam com a polícia durante um protesto contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em Caracas - FEDERICO PARRA / AFP
Pelo menos 11 pessoas morreram em uma madrugada de fortes distúrbios em Caracas, elevando para 20 o número de óbitos em três semanas de manifestações contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro. A cidade viveu uma noite de violência, principalmente em bairros populares como El Valle, 23 de Janeiro e Petare (considerada a maior favela da América Latina). Segundo confirmaram ONGs como o Programa Venezuelano de Educação e Ação em Direitos Humanos (Provea), manifestações civis foram reprimidas pela Guarda Nacional Bolivariana (GNB) e, em muitos casos, também atuaram os coletivos chavistas (grupos armados que defendem o governo).
Em um comunicado, o Ministério Público confirmou a morte de 11 pessoas e seis feridos "durante os atos de violência em El Valle", a sudoeste da capital venezuelana.
As imagens e vídeos da noite fatídica de Caracas estão circulando nas redes sociais e dirigentes opositores como Henrique Capriles, governador do estado Miranda, denunciaram a repressão. Os confrontos obrigaram até mesmo a evacuar um hospital infantil em El Valle, onde estavam internadas 54 crianças. De acordo com o governo, o hospital foi atacado por grupos armados financiadas pela oposição, acusação desmentida pelas lideranças opositoras.
No passado, os bairros que foram cenário da violência representavam importantes bases de apoio para o chavismo. Hoje, segundo afirmou a analista política Argelia Rios, os setores populares estão cada vez mais insatisfeitos com o governo Maduro.
“Noite agitada nos setores populares de Caracas. Desmoronou-se definitivamente o mito de que os bairros são territórios revolucionários”, escreveu Argelia, em sua conta no Twitter
A oposição também usou o Twitter para denunciar a repressão.
Durante toda a madrugada, circularam diversos rumores no país, até mesmo de levante militar. A oposição reiterou sua decisão de permanecer nas ruas até que o governo atenda duas demandas de convocação de eleições, liberação de presos políticos e respeito ao Parlamento, entre outras.
A oposição está organizando protestos em níveis comunitários pelo país nesta sexta-feira, uma marcha "silenciosa" em Caracas no sábado em homenagem aos mortos nas manifestações e um bloqueio nacional nas principais rodovias da Venezuela na segunda-feira.
G1