Publicada em 18/01/2016 às 12h00.
Medo e destruição: briga no jogo do São Paulo quase termina em tragédia
Estádio Nogueirão, em Mogi das Cruzes, vira cenário de batalha entre torcedores e policiais.

Muita gente, pouco espaço, policiais de um lado, torcedores de outro. O que era pra ser uma festa tricolor em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, com a vitória por 4 a 0 sobre o Rondonópolis e a conquista da vaga para as quartas de final da Copa São Paulo de Futebol Júnior, por pouco não terminou em tragédia, na noite de domingo.


O resultado do confronto entre membros de uma torcida organizada do São Paulo e policiais militares e guardas municipais, a partir do intervalo da partida, foi torcedores e policiais feridos, depredação de parte do estádio Nogueirão, pelo menos dois veículos destruídos e moradores da região e crianças sofrendo com os efeitos do gás lacrimogêneo.


Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes, 15 pessoas ficaram feridas e foram atendidas no próprio posto médico do estádio, mas nenhuma delas teve de ser deslocada para um hospital. A assessoria disse também que os prejuízos ainda estão sendo contabilizados. A PM informou que ninguém foi preso.


A confusão começou do lado de fora do estádio. Como a entrada era gratuita, o local atingiu sua lotação máxima e muita gente foi impossibilitada de acompanhar a partida, após os portões se fecharem. Torcedores tentaram ver o jogo subindo em estruturas do lado de fora quando a partida estava no intervalo. Segundo vizinhos da região, foi nesse momento que a Polícia Militar chegou disparando bombas de efeito moral e tiros de bala de borracha. 


– A torcida estava na porta, colocou as grades para subir no portão e ver o jogo. Mas o clima era de paz. A polícia apareceu atirando bala de borracha e bombas de gás. Até então não tinha briga. Foi uma atitude completamente equivocada da polícia – afirmou José Pires Filho, que mora ao lado do estádio e presenciou a confusão do lado de fora.


Opinião contrária à do secretário municipal de Segurança de Mogi das Cruzes, Eli Nepomuceno, que reconheceu que havia um excesso de pessoas, mas não considerou errada a ação da polícia.


– Talvez o que precisasse era um pouco mais de conversa para a gente conseguir, junto às torcidas organizadas, diminuir o número de pessoas que acessam. Infelizmente foi um excesso de pessoas e não foi possível recepcionar todas elas. A Polícia Militar e a Guarda Municipal fizeram o que tinha de ser feito. Havia a necessidade de controlar aquela situação e quando há esse tipo de conflito, infelizmente você tem de fazer o uso de força – disse Nepomuceno.


Segundo o secretário, 40 guardas municipais e 35 policiais militares faziam a segurança do local que, segundo a Prefeitura de Mogi das Cruzes, responsável pelo estádio, tem capacidade para receber 10 mil pessoas.


Para o secretário de Esportes de Mogi, Nilo Guimarães, a decisão de fechar os portões foi acertada e a confusão foi "inexplicável", visto que apenas a torcida do São Paulo ocupava as arquibancadas. Ele teme que o episódio comprometa a sequência da cidade como sede da Copinha, principalmente para o confronto entre Flamengo e São Paulo, que deveria ocorrer no local, na próxima quarta-feira.


– A gente imagina e projeta uma situação de equipes com torcidas. Imagina se vem o Flamengo com o São Paulo aqui? Acabou nossa cidade? Não tem como fazer um evento assim? Ninguém consegue se controlar, se comportar, respeitar absolutamente nada. Não tem segurança, é ruim. Tem segurança, é ruim. Se a gente se respeitasse não aconteceria tudo isso. 


Além de divulgar uma nota lamentando o fato em Mogi, membros da Torcida Independente, principal organizada do São Paulo, fizeram críticas à Federação Paulista de Futebol que mudou a sede do Tricolor na Copinha de Barueri para Mogi.


– A Federação Paulista de Futebol colocar um jogo do São Paulo em um estádio desse tamanho e sem cobrar ingresso, estava na cara que não iria comportar. Se eu não tivesse feito a intervenção (no momento da confusão) teria morrido gente. Na capital tem o policiamento de choque, que sabe tratar o torcedor, e é preparado para tumulto. Aqui, nós que tivemos de organizar a saída dos torcedores – falou Henrique Gomes, líder da torcida.


E além das famílias, com muitas crianças presentes no estádio, os efeitos do gás de pimenta foram sentidos em pessoas que não tinham nada a ver com a partida, e moram nas ruas próximas ao estádio.


–  Eu estava dentro de casa, abri a porta porque meu filho não estava para dentro. Foi aí que a fumaça veio e me tapou a respiração, a garganta começou a queimar, lacrimejei e comecei a tremer. Fiquei preocupada porque tenho diabetes. Meu neto, que tem sopro no coração, não respirava. Fiquei com medo. Por mim não tinha jogo aqui mais não, o susto foi grande – disse Maria Pires, que mora na rua em frente ao estádio.


Passada a confusão, a partida seguiu normalmente, mas os incidentes foram relatados pelo árbitro Rodrigo Gomes Paes Domingues na súmula. Ele explicou que o segundo tempo recomeçou com atraso em função do confronto do lado de fora, mas que só seguiu com a partida porque a Guarda Municipal e o diretor de sede concordaram em manter o jogo.


O São Paulo ganhou o jogo por 4 a 0 e enfrenta o Flamengo nas quartas de final. Seja em Mogi ou em qualquer outra cidade, o sentimento de boa parte dos torcedores que, aliviados, deixaram o Nogueirão sem maiores problemas era o mesmo: Estádio de futebol? Nunca mais.


FONTE: GLOBO ESPORTE

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