A conta de luz está mais cara este mês. E vai ficar ainda mais alta em 2018. A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) vai colocar nesta terça-feira (24), provavelmente em audiência pública, uma nova metodologia no cálculo da bandeira vermelha. A expectativa é de que ocorra um aumento dos valores a serem cobrados nessa modalidade no próximo ano. Este mês, o consumidor está pagando a bandeira mais cara que é a vermelha no patamar 2, implicando num acréscimo de R$ 3,50 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
Na proposta a ser apresentada, o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, vai sugerir que a bandeira vermelha seja acionada levando em consideração também o nível dos reservatórios das hidrelétricas. Eles estão com pouco armazenamento de água desde 2012. Maior lago do Nordeste, o de Sobradinho, na Bahia, estava, no último domingo (última atualização) com 3,49% do seu volume útil.
A proposta da Aneel deixaria a bandeira em valores mais altos por uma quantidade maior de meses, enquanto ocorrerem estiagens nos rios do Sudeste/Centro-Oeste e até no São Francisco, que tem sua nascente em Minas Gerais. Se essa alteração já tivesse em vigor, não teria sido cobrada bandeira verde em meados deste ano, quando já eram esperadas chuvas abaixo da média.
Até agora, a bandeira vermelha é cobrada quando aumenta o Custo Marginal de Operação (CMO), que significa o aumento do preço na produção de energia, quando mais térmicas entram em operação. O risco hidrológico (da pouca quantidade de água nos reservatórios das hidrelétricas) custou cerca de R$ 7,6 bilhões entre janeiro e agosto último, de acordo com um levantamento feito pela consultoria TR Soluções, utilizando números divulgados pela própria Aneel. No entanto, a arrecadação com as bandeiras tarifárias nos oito primeiros meses deste ano totaliza R$ 1,78 bilhão, de acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
“A bandeira vai ficar mais cara, porque o dinheiro arrecadado não está dando para pagar as térmicas”, resume o diretor da comercializadora Kroma Energia, Rodrigo Mello. Somente para o leitor ter uma ideia, a geração de energia elétrica estava com a seguinte matriz na última quinta-feira: 62,5% hidrelétrica; 23,7% térmicas; 10,7% eólica; 2,7% nuclear e 0,2% solar.
O sistema de bandeira vermelha foi adotado pelo setor elétrico para repassar o aumento do custo da produção ao consumidor final já no mês seguinte. Além da vermelha no patamar 2, existem mais três bandeiras: a vermelha no patamar 1 com um custo extra de R$ 3,00 a cada 100 KWh; a amarela, que esteve em vigor em setembro, e implicou num acréscimo de R$ 2,00 a cada 100 KWh e, por último, a verde, na qual não há cobrança. Ou seja, o consumidor pode ir se preparando porque a conta de energia ficará mais cara em 2018 porque continuamos esperando por São Pedro.
JC Online