Publicada em 20/05/2018 às 10h34.
Tite mostra coerência, mas há senões na Seleção
Técnico Tite manteve a base das eliminatórias, deixando de levar revelados recentemente como Arthur e Vinícius Júnior.

Tite, técnico da Seleção Brasileira

Foto: Divulgação/CBF

 

A contagem regressiva que paralisa o mundo do futebol a cada quatro anos está perto do fim. A menos de um mês para a Copa do Mundo, o planeta volta a respirar futebol. O Mundial da Rússia, em tese, já começou. E boa parte das 32 nações que vão lutar para cravar seu nome na história já escolheu os seus soldados. No Brasil, faz quase uma semana que o técnico Tite anunciou a lista de seus eleitos. Fim do mistério? Nada disso. A Seleção Brasileira esteve distante das incógnitas. Fiel aos seus dogmas, o treinador apostou todas as fichas na coerência e meritocraia. Ou seja, uma convocação marcada pela previsibilidade. Um conceito com claras vantagens. Mas que não está imune a falhas.


Tarefa ingrata é criticar o trabalho de Tite na Canarinho. Não haveria mesmo como. Afinal, o atual comandante da pentacampeã mundial foi além dos prognósticos mais otimistas. Primeiramente, assumiu o posto em um cenário de terra arrasada. Ainda de ressaca pelo 7x1 na Copa de 2014, a equipe capengava nas Eliminatórias. Com Dunga no comando, tropeçava aos montes. Pior: temia-se o risco de o Brasil ficar de fora de uma Copa pela primeira vez na história. Com Tite, tudo mudou. O treinador recuperou craques em baixa, transformou um elenco promissor em um conjunto eficiente, confiante, e ganhou a lealdade dos atletas. Caiu nas graças da torcida. Uma façanha em se tratando de técnico da Seleção.


Diante disso, contestar o técnico gaúcho é quase uma heresia. Não bastassem os ótimos resultados, o escrete verde-amarelo voltou a mostrar um futebol competente, como há muito não se via. E Tite ainda apostou na continuidade. Logo, sua convocação foi praticamente sem surpresas. Alisson e Ederson no gol são escolhas aprovadas. O outro goleiro foi Cássio. Muitos torceram o nariz. Contudo, o terceiro arqueiro ser utilizado é algo quase impossível. Portanto, nada de reclamações efusivas. O mesmo serve para a lateral direita. Fágner está longe de ser uma unanimidade, mas o titular será Danilo, no lugar do lesionado Daniel Alves. Polêmicas de verdade, nenhuma. No máximo, discussões acerca de Fred e Taison.


Nenhum dos dois está acima de qualquer suspeita. Nem são queridinhos da torcida. A maioria, provavelmente, preferia Arthur e Luan (ambos do Grêmio), nas respectivas vagas. Mas, até assim, Tite não está totalmente errado. Fred e Taison foram seus jogadores, são homens de confiança e, importante, gozam de experiência internacional. Mais uma vez, a coerência acima das preferências populares. Com isso, o treinador conquistou a gratidão de seus comandados. Já deu certo assim nas suas duas últimas - e vitoriosas - passagens pelo Corinthians. Tite possui o grupo na mão. O que é fundamental para quem comanda tantas estrelas juntas. E os méritos do comandante canarinho não param por aí.


O time é leve, entrosado, capaz de triangulações velozes e a habilidade individual não foi suprimida. Neymar voltou a render bem. Coutinho, organizador e definidor ao mesmo tempo, é indispensável. Gabriel Jesus é um artilheiro confiável. Casemiro é um cão de guarda de respeito. Marcelo e Paulinho, homens supresa de peso no ataque. E Alisson mostrou-se capaz de vestir a exigente camisa 1. Não bastasse isso, ainda há boas peças no banco. Fernandinho se recuperou do 7x1 e é um dos melhores meio-campistas do mundo. Dougas Costa seria titular na maioria das seleções. Para completar, Roberto Firmino está voando no Liverpool. Em suma, basicamente a maioria dos melhores brasileiros estará na Rússia.


Ou seja, trata-se de um esquadrão sem pontos fracos? Não é bem assim. Há pedras no caminho rumo ao sonhado hexa. Um deles é na lateral-direita. Danilo é competente, mas não está à altura de Daniel Alves. Sobretudo no apoio ao ataque. Portanto, o Brasil deve ser menos agudo nos ataques por esta ala. No lado oposto, Marcelo oscila entre o bem e o mau. Na frente, inferniza os adversários. Em contrapartida, abre muitos espaços na parte defensiva. Faz parte de suas características. Outro problema parece ser o esquema. Tite montou uma base, mas pouco altera a estrutura tática. Mal comparando, lembra o Brasil de 2013/2014. No Mundial passado, todos pareciam saber como a Seleção de Felipão jogava.


O miolo de zaga também já deu suas vaciladas no jogo aéreo - uma falha quase crônica do Brasil. Também falta um centroavante à moda antiga. Grandalhão, trombador, que possa ser uma arma pelo alto e furar retrancas. Lembrando que a estreia será contra a Suíça, tradicional na arte de fechar a casinha. Ainda há dúvidas em relação a Neymar. Não bastasse vir de contusão, o próprio temperamento do craque o atrapalha. Em momentos de extrema pressão, o camisa 10 costuma cair em provocações. Com frequência, perde a cabeça e toma cartões tolos. Pode não parecer o suficiente para se preocupar. Entretanto, em Copa do Mundo, a lógica é clara: meros detalhes separam a glória do desastre.


Pontos fortes


Grupo na mão - Treinador tem absoluto comando sobre os jogadores, que acreditam em sua filosofia de trabalho


Individualidade - Mesmo com um conjunto forte, atletas como Marcelo, Neymar e Philippe Coutinho podem arriscar nos dribles.


Conjunto - Equipe armada nas eliminatórias tem a base mantida para o Mundial


Elemento-surpresa - Os avanços do volante Paulinho para finalizar na área.


Pontos fracos


Esquema "manjado" - A manter a base das eliminatórias, treinador dá chance aos rivais de estudarem a sua equipe.


Falta de um camisa 10 - Time carece de alguém que pense e cadencie o jogo no meio de campo, como Iniesta, da Espanha.


Incógnita Neymar - Craque absoluto do time vai para seu segundo Mundial e terá de aguentar a pressão das cobranças


Buraco nas laterais - Marcelo sempre avançou muito pela esquerda. E a lateral direita do Brasil tem sido um dos pontos fracos da defesa nas últimas Copas.


Jogo aéreo - Historicamente, Seleção Brasileira tem dificuldades de interceptar os cruzamentos sobre a área.


Convocados do Brasil para a Copa da Rússia:


Goleiros: Alisson, Ederson e Cássio.


Zagueiros: Marquinhos, Miranda, Thiago Silva e Pedro Geromel.


Laterais: Danilo, Fagner, Marcelo e Filipe Luís.


Volantes e meias: Renato Augusto, Casemiro, Paulinho, Fernandinho, Fred e Phillipe Coutinho.


Atacantes: Douglas Costa, Neymar, Taison, Willian, Roberto Firmino e Gabriel Jesus.

 

 

 

Folha PE

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