Foto: Anderson Stevens/Folha de Pernambuco
As metas que Náutico e Santa Cruz estão traçando para a temporada 2019 não se resumem aos resultados dentro de campo. Planejar a saúde financeira é umas das prioridades das gestões de ambos os clubes. No Timbu, a ideia é seguir com a austeridade aplicada no futebol, mantendo os salários em dia e evitando o acúmulo de dívidas trabalhistas. Já o Tricolor precisa reorganizar suas contas para não encerrar mais um ano lamentando os insucessos nos gramados e nos cofres.
O primeiro passo que o Náutico pretende dar para ganhar um fôlego financeiro em 2019 é o sonhado acordo com um patrocinador máster. O presidente do clube, Edno Melo, já iniciou conversas para fechar o negócio. "Tive um contato preliminar e uma empresa se mostrou interessada, mas nada foi definido", disse o mandatário. O objetivo é evitar o adiantamento da cota da Copa do Nordeste - o Alvirrubro receberá R$ 1,42 milhão.
Além do valor do Nordestão, o Náutico ganhará aproximadamente mais R$ 1,5 milhão referente às cotas da Copa do Brasil e do Campeonato Pernambucano (baseado nos valores de 2018). Na competição nacional, os pernambucanos podem ganhar ainda mais se avançarem no mata-mata. Em 2018, o Timbu chegou até a quarta fase, faturando mais de R$ 4 milhões, embora quase metade da verba tenha ficado presa por conta de antigos débitos trabalhistas. A meta dos alvirrubros é engordar os cofres ainda mais com campanhas de sócios e bilheterias, sem falar no retorno do estádio dos Aflitos, que será reinaugurado em 2019.
Para garantir um faturamento fixo no ano, o presidente Constantino Júnior também busca um patrocínio máster para o Santa Cruz em 2019. O último que estampou a parte central da camisa por mais de um ano foi a MRV Engenharia, de maio de 2016 até o fim de 2017. De lá para cá, o clube firmou uma parceria pontual com a empresa de tintas MegaÓ, no dia 16 de janeiro deste ano, que ocupou a frente e as costas da vestimenta tricolor durante um mês. Iquine e Kicaldo, por exemplo, são patrocinadores antigos e que também têm exposição no uniforme. Já Pitú, Itaipava, Diagmax, Village Porto de Galinhas, Transwinter e Masterboi são colaboradores comerciais e aparecem nos banners de apresentação e no site oficial.
Este ano, o Santa sentiu na pele a falta de recursos financeiros, que provocou atrasos salariais recorrentes. Com o adiantamento das verbas de 2018 no ano passado - quase R$ 2 milhões (R$ 1 milhão de participação na primeira fase da Copa do Nordeste e R$ 950 mil do Campeonato Pernambucano), o clube pagou caro e só conseguiu arrecadar R$ 950 mil, sendo R$ 500 mil por disputar a primeira fase da Copa do Brasil e R$ 450 mil pela classificação às quartas de final do torneio regional. Além de não ganhar cota de TV, as fontes de receita do Tricolor - programa de sócio e bilheteria - não geraram lucro na temporada.
Em 2019, o prêmio de participação (especula-se R$ 1,9 milhão) da primeira fase do Nordestão pode fazer a diferença para o Santa Cruz, que, por exemplo, pagaria as três primeiras folhas salariais do ano, levando em conta que o patamar financeiro gire em torno de R$ 300 mil/mês. Por outro lado, há a possibilidade de um adiantamento da cota ainda em 2018 para terminar a atual temporada em dia.
A antecipação da verba seria por questão emergencial e pode comprometer o futuro. Os pernambucanos que disputam o torneio regional praticamente não têm receita para um ano inteiro. Em caso de adiantamento, tricolores e alvirrubros teriam de ir longe na Copa do Brasil, que tem cotas gordas, e lutar pelo título da Copa do Nordeste. Os rivais também se prejudicam por continuarem na Série C, competição que não tem transmissão da TV.
Folha PE