Publicada em 24/09/2018 às 08h58.
Pesquisa alerta para efeitos inesperados dos antidepressivos na musculatura
Pouco se sabia sobre as alterações estruturais, funcionais e metabólicas dos músculos relacionados ao uso crônico dessas medicações.

Problemas provocados pelos remédios podem ir da perda de massa muscular até a incapacidade de contração da musculatura

Foto: divulgação

 

Medicamentos Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRSs), os populares antidepressivos, podem causar efeitos colaterais, como rigidez, tremores e atividade tônica alterada, bem como um aumento do risco de desenvolver resistência à insulina e diabetes mellitus. Contudo, pouco se sabia sobre as alterações estruturais, funcionais e metabólicas dos músculos relacionados ao uso crônico dessas medicações. Preocupados com a diária popularização de tratamentos e um possível uso indiscriminado dos ISRSs (a exemplo de Fluoxetina, Sertralina, Paroxetina, Citalopram e Escitalopram), pesquisadores da Unidade de Estudos em Nutrição e Plasticidade Fenotípica (UENPF) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) lançaram um novo alerta para os efeitos inesperados dessas drogas sobre os músculos, que vão desde a perda de massa até incapacidade de contração.


“Existe uma grande incidência do uso desse tipo de medicação e o tecido muscular acaba sendo subjugado, meio esquecido (em pesquisas). Geralmente, as repercussões são estudadas em outros sistemas. Por isso, fomos em busca de saber se o músculo esquelético seria afetado por esse tipo de droga e quais repercussões esse tipo remédio causaria. Encontramos resultados interessantes e confirmamos que há alterações metabólicas, funcionais e estruturais”, comentou o pesquisador da UFPE Diego Visco. 


Ele, junto com os pesquisadores e professores Ana Elisa Toscano (Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia) e Raul Manhãs de Castro (Programa de Pós-Graduação em Nutrição), assinam o artigo “Inibidores seletivos da recaptação de serotonina afetam estrutura, função e metabolismo do músculo esquelético: uma revisão sistemática”, publicado na revista internacional Pharmacological Research.


De forma mais recorrente, o uso prolongado desses antidepressivos leva os músculos a problemas na captação e metabolização da glicose, assim afetando a energia do indivíduo. “É importante destacar que isso pode apresentar boas perspectivas de investigação em desordens metabólicas, como obesidade e diabetes. Outra repercussão indesejada é a diminuição e perda da massa muscular, podendo este fator estar associado às alterações de peso. E na área funcional, chama atenção as alterações das propriedades elétricas dos músculos que afetam a capacidade de contração. 

 

“A pesquisa alerta que é preciso levar em conta o estado basal do indivíduo, ou seja, como ele está antes de se administrar o inibidor (remédio). Porque, em alguns casos, essa administração pode ser benéfica, mas, em outros, pode levar a danos que não se esperam. É preciso ficar alerta, pois, em determinados casos, essas drogas podem ter um efeito inesperado e ruim a uma estrutura enorme do nosso corpo. Os músculos correspondem a 40% de nós e isso representa muita coisa para o bem-estar”, afirmou a pesquisadora Ana Elisa Toscano.


A cientista destacou que esse conhecimento inicial sobre os efeitos adversos dos inibidores de serotonina ainda não responde a questões como: quanto tempo de uso traz essas repercussões negativas nos músculos? Existe regressão dos danos ao tecido muscular com a suspensão dessas medicações? Ainda são necessários estudos de acompanhamento prolongado de pacientes em tratamento.

 

 

Folha PE

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