Ídolo do Juventus e ícone de uma geração do futebol italiano, Alessandro Del Piero pode, como poucos, analisar o futebol jogado nos dias de hoje. Com título de Liga dos Campeões e Copa do Mundo no currículo, o consagrado ex-atacante sabe reconhecer quando um grande feito é realizado. Sem nem mesmo pensar duas vezes, aponta o Barcelona como equipe responsável pela evolução do futebol e aponta Messi, atualmente, e Neymar, em um futuro breve, como líderes do "novo" jogo.

Para Del Piero, é questão de tempo até que Neymar, um dos protagonistas do Barça, assuma uma função de líder maior do elenco blaugrana. Em uma teleconferência com a imprensa, o italiano apontou a saída do Brasil no momento certo como um dos principais fatores para o crescimento do camisa 11. 

- Neymar é um jogador inacreditável e tem um grande futuro pela frente. Ele fez uma boa escolha ao vir para a Europa. Está treinando em uma equipe incrível. Hoje, provavelmente, o time é liderado pelo Messi, mas ele vem logo atrás e é muito jovem. O futuro é para ele, com certeza. 

Mas o presente é de Messi. O "incrível argentino", assim caracterizado por Del Piero, pode, na visão do ex-atacante, ser o primeiro jogador a conquistar o Prêmios Laureus na categoria de melhor atleta masculino (referente a 2015) na premiação do dia 18 de abril - o camisa 10 do Barça disputa com Usain Bolt, Stephen Curry, Novak Djokovic, Lewis Hamilton e Jordan Spieth. O jogo coletivo, vinculado aos prêmios individuais, é o grande trunfo do atual melhor do mundo para Del Piero. 

- Tudo o que Messi e Barcelona fizeram nos últimos dez anos foi realmente incrível. Claro que ele ganhou muitos troféus, prêmios individuais, mas também ganhou com a equipe. Eles com certeza mudaram a maneira de jogar futebol, especialmente nos últimos anos o futebol mudou bastante, com mais jogo de posse de bola, dribles na hora certa e preocupação com sistema defensivo. Em todo jogo eles mostram uma variedade de jogadas de ataque, o que é ótimo no meu ponto de vista. Messi pode ganhar (o Laureus) porque ele é um jogador incrível. Ele ganhou o campeonato esse ano, por isso ele pode ganhar o prêmio. Eu não sei o motivo de um jogador de futebol nunca ter levado, talvez por ser um esporte coletivo. É mais fácil, faz mais sentido, dar o prêmio para atletas de um esporte individual. Mas sim, isso pode mudar. 

Presente e futuro: Del Piero aponta dupla do Barcelona como líderes do elenco (Foto: Getty Images)

O italiano marcou presença na Copa do Mundo do Brasil. O saldo foi positivo e paixão do povo brasileiro pelo futebol ficou na memória de Del Piero, que deixou o país após as quartas de final. Não teve tempo de ver de perto o massacre da Alemanha contra o Brasil em Belo Horizonte, mas não deixou de imaginar a tristeza dos torcedores. Contudo, para o ídolo da "Velha Senhora", o sentimento de vingança será leva para a Rússia, em 2018, na esperança de uma reedição do confronto.

- Eu estava no Brasil durante a Copa do Mundo. Passei 20 dias entre a fase de grupos e as quartas de final, a atmosfera foi incrível. Eu gostei muito, principalmente do Rio de Janeiro, as pessoas gostam de futebol, eles são muito apaixonados. Eu sei o que é isso porque venho de um país que somos apaixonados também. Eu não posso imaginar o que aconteceu na semifinal com uma derrota daquelas. É como um pesadelo para eles. Acho que todos os fãs e também os jogadores estão esperando por vingança. É por isso que na próxima Copa do Mundo eu acho que vão ser intensos, colocar esforço, coração, mente, tudo o que puderem para conquistar o título. Realmente acredito que eles esperam enfrentar a Alemanha em breve para mostrar que aquilo foi um grande erro, um dia ruim. 

Após tantos anos dedicados ao futebol - a grande parte deles ao clube de Turim -, Del Piero não esconde a saudade dos tempos de jogador. Aos 41 anos, o futuro estaria ainda dentro do esporte? Nem sim, nem não... A dúvida existe e a possibilidade não é descartada.

- Eu sinto falta do futebol todos os dias. Sim, todos os dias. Eu não sei (se serei treinador). Não, no momento não penso nisso. Olha, se me perguntasse isso há três anos eu diria que não, sem conversa. Agora, porém, eu digo apenas que não nesse momento.  Provavelmente no futuro? Não sei... Eu não sei. Honestamente não sei. Não era uma opção há três anos, mas, hoje, pode ser uma. 

FONTE: GLOBO ESPORTE.