Publicada em 01/05/2016 às 09h06.
Além da síndrome de Guillain-Barré, há mais três doenças ligadas ao zika
Pesquisa de especialista do Hospital da Restauração aponta inflamações neurológicas em pacientes internados com arboviroses transmitidos pelo Aedes.

Os casos de manifestações neurológicas relacionadas às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti seguem a preocupar as autoridades de saúde. Além da síndrome de Guillain-Barré, que já tem 60 notificações associadas às arboviroses, e nove óbitos, 30 casos de mielite, encefalite e encefalomielite relacionados ao zika e à chikungunya foram identificados em pesquisas realizadas pela chefe do setor neurológico do Hospital da Restauração, Lúcia Brito.

Após darem entrada com quadro clínico de arbovirose, 180 pacientes apresentaram manifestações neurológicas de dezembro de 2014 até março deste ano na unidade. A doença mais recorrente é a Guillain-Barré, que pode se manifestar com sintomas desde uma leve fraqueza muscular até o quadro raro de paralisia total dos quatro membros. Mas também foram identificadas as outras três doenças neurológicas, segundo informações divulgadas ontem, em entrevista coletiva.

A encefalite é uma inflamação no cérebro. A mielite caracteriza-se pela inflamação da medula espinhal. Já a encefalomielite aguda disseminada implica na inflamação do cérebro e da medula espinhal.

Na semana passada, Lúcia Brito apresentou no Congresso da Academia Americana de Neurologia, em Vancouver, no Canadá, os resultados de pesquisas laboratoriais das doenças neurológicas constatadas após o quadro clínico das arboviroses. “O vírus pode ter replicação dentro do sistema nervoso central ou pode ser desencadeado por um processo inflamatório autoimune, causando essas manifestações neurológicas”, explica a médica. Segundo ela, não há dúvida de que há relação das doenças com as arboviroses, em especial o zika vírus, que também está associado à epidemia de microcefalia.

A encefalomielite aguda disseminada foi destacada durante a pesquisa, iniciada em março de 2015, por se tratarem de casos inéditos no Brasil. Considerada grave, a inflamação pode causar alucinações, alterações na consciência, crises convulsivas, déficit motor, lesões no cérebro, sequelas visuais e alterações cognitivas. Segundo a neurologista, os impactos causados pela doença dependem do grau de agressão, sendo que de 20% a 30% dos casos apresentam algum tipo de sequela. Dos casos de encefalomielite aguda disseminada, oito casos foram confirmados correlacionados com o zika vírus. Já os casos de encefalite até então estão associados à chikungunya.

Enquanto a Guillain-Barré afeta adultos em sua maioria, os casos de encefalite e encefalomielite atingiriam mais as crianças. “Atualmente, temos dois pacientes na ala pediátrica notificados com encefalomielite, sendo um caso confirmado e outro sob suspeita”, informou a neurologista.


Diario de Pernambuco

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