Em entrevista ao jornal O Globo desta sexta-feira (27), o senador Romário (PSB-RJ) voltou atrás e afirmou que já foi correntista do banco suíço BSI. O ex-jogador tinha dito no mês de julho, através do seu Facebook, que nunca teve qualquer conta fora do País. "Quando jogava na Europa, tive conta no BSI. Só não sei o ano", disse Romário. O ex-atacante ainda afirmou que é possível que a conta ainda esteja aberta, contradizendo-se. À época, Romário foi até a Suíça e reiterou que "o banco admitiu que nunca tive vínculo com eles”, fazendo com que a revista Veja, que publicou a existência da conta, pedisse desculpas pelo ocorrido.

No seu perfil no Facebook, Romário frisou ainda que um ofício foi protocolado no Ministério Público para que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contate o Ministério Público Suíço para que seja feita uma investigação sobre a conta no BSI. A grande questão para o ex-jogador é não declaração do dinheiro que estava na conta (cerca de R$ 7,5 mi) à Justiça Eleitoral, que apresentou o patrimônio de R$ 1,312 milhão em 2014. O assunto ganhou força graças a uma citação feita pelo senador Delcídio do Amaral (PT) em uma gravação realizada pelo ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, que culminou com a prisão do parlamento e do CEO do Banco BTG Pactual, André Esteves.

Na conversa, gravada por Bernardo Cerveró no último dia 4, Delcídio fala sobre uma reunião "estranha", segundo ele, no seu próprio gabinete, com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), o pré-candidato do partido ao cargo, Pedro Paulo Carvalho, o senador Ricardo Ferraço (PMDB), além do próprio senador. De acordo com Delcídio, Paes aproveitou o ensejo para anunciar a desistência da candidatura de Romário à prefeitura do Rio em 2016 em troca de um apoio do ex-atleta a Pedro Paulo. Ainda segundo Delcídio, o motivo da "aliança" foi a suposta conta que Romário teria no banco BSI. Vale salientar que o prefeito do Rio é irmão de Guilherme da Costa Paes, um dos diretores e sócio do BTG Pactual. Há a hipótese — não confirmada — de que o prefeito do Rio usou o irmão para costurar um possível apoio do ex-jogador.

RESPOSTA

Depois da divulgação da gravação que levou à prisão de Delcídio, tanto Romário e Paes deram respostas contraditórias sobre a suposta aliança para a prefeitura carioca. Durante a inauguração do estádio de canoagem, nessa quinta-feira (26), o prefeito confirmou o acordo com Romário. “Tenho um entendimento com o senador Romário. Se ele não se candidatar, ele vai apoiar o Pedro Paulo”. Entretanto, Romário negou a informação nas redes sociais. “Não é novidade para ninguém que o prefeito Eduardo Paes tem interesse que eu apoie o seu candidato à sucessão. Deixo claro que não tenho nenhum acordo com ninguém”, disse o ex-jogador.

Ao periódico, Romário classificou como "fanfarronice" o seu envolvimento. "Fanfarronice do senador (Delcídio) em ter me colocado nessa história. Em relação ao que o advogado (Edson Ribeiro) fala, a gente está vivendo momento bem diferente no Brasil. Não se pode dar mais credibilidade a bandido, vagabundo. Ouviram meu nome ser dito numa gravação de um assunto que foge completamente do que esses vagabundos estavam fazendo lá", decretou.

JC