Afastada por até 180 dias para aguardar o julgamento do pedido de impeachment no Senado, a presidente Dilma Rousseff (PT) aproveitou o espaço no Congresso de Trabalhadores na Agricultura Familiar do Brasil, em Brasília, nesta segunda-feira (23), para criticar o governo de Michel Temer (PMDB) e afirmar que gravação de conversa de Romero Jucá (PMDB-AL) que vazou mais cedo reforça o discurso de que impedimento da petista é ‘golpe’, discurso adotado pelos aliados dela.
“Agora um dos principais articuladores confessa involuntariamente: ‘Sou um golpista’. O golpe esta em curso”, disse. Em seguida, a militância gritou: “Fora, Temer!”.
Dilma frisou que o conteúdo das gravações mostra que Jucá defende o afastamento dela como pré-requisito para frear a Operação Lava Jato, em que é investigado. “Deixa evidente o caráter golpista e conspiratório desse processo. Desde o início nós viemos denunciando o desvio de poder que está na base desse impeachment”, afirmou a petista.
A presidente afastada fez várias críticas também a Michel Temer, eleito duas vezes como seu vice e agora presidente interino, depois de ser um dos defensores do impedimento dela. “Os brasileiros não elegeram um governo só de homens brancos, ricos e velhos”, disparou. A presidente também chamou de ato “irresponsável” extinguir o Ministério da Cultura, recriado nesta segunda (23), após pressão da classe artística, e a pasta do Desenvolvimento Agrário.
“O presidente provisório não foi autorizado pelo povo a mexer em programas sociais para diminui-los e nós não podemos deixar que isso aconteça. Não foi autorizado pelo povo do nosso País a sair por aí privatizando a torto e a direita, não foi autorizado a mudar o regime de exploração do pré-sal. Ninguém deu o direito a ele de ser neoliberal na economia e conservador em tudo mais, principalmente na área social”, atacou Dilma.
Usando a frase que está na gravação da conversa de Romero Jucá, de que Michel Temer seria Eduardo Cunha, a petista criticou também o presidente afastado da Câmara, afirmando que ele “ainda dá as cartas”. “Em maio nenhuma comissão do Congresso funcionou porque o presidente da Câmara sistematicamente impediu que houvesse condições para isso.”
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