Publicada em 24/05/2016 às 08h39.
Política: Michel Temer enfrenta primeira crise no Governo
Gravações feitas por ex-presidente da Transpetro mostram pacto para deter ações da Lava Jato.

BRASÍLIA - Apenas 12 dias após sua posse, o presidente interino, Michel Temer, perdeu seu ministro do Planejamento. Romero Jucá não resistiu e foi obrigado a deixar o governo depois de a Folha de S. Paulo divulgar gravações em que ele sugere ao ex-presidente da Trans­petro, Sérgio Machado (que fez as gravações clandestinamente), um pacto pa­ra deter a Operação Lava Jato. A queda de Romero Jucá, na segunda-feira (23), atinge um dos principais articuladores da aprovação do afastamento de Dilma Rousseff no Congresso e fragiliza o governo Te­mer logo na sua largada. O presidente interino apostava na capacidade de articulação de Jucá no Legislativo e no meio empresarial para dar respostas rápidas na economia, considerada a área chave para Temer se firmar.

Jucá afirmou que irá tirar uma “licença” até que a Procuradoria-Geral da República responda a uma representação de seu advogado questionando se as gravações contêm alguma ilegalidade ou crime. Na verdade, ele será “exonerado a pedido”, nesta terça (24), para re­assumir seu mandato no Senado pelo PMDB de Roraima. Interinamente, será substituído pelo secretário-executivo, Dyogo Oliveira.

Em uma entrevista conturbada, Jucá afirmou que houve “manipulação das informações” publicadas. “A partir de amanhã [terça] estou de licença. Reassumo o Senado para fazer o enfrentamento aqui, até que o Ministério Público se manifeste quanto às condições da minha fala com Sérgio Machado. Eu sou presidente nacional do PMDB, sou um dos construtores desse novo governo e não quero de forma nenhuma deixar que qualquer manipulação mal intencionada possa comprometer o governo”, disse o senador.

Sem volta
Apesar de Temer ter divulgado, no final do dia, uma nota em que elogia o auxiliar, Jucá não deverá voltar. O Palácio já começou a avaliar nomes para substituí-lo. Isto, porém, não será feito nos próximos dias, para não impor mais desgaste ao senador. Temer sabia desde domingo, alertado pelo próprio Jucá, da gravação. Em reunião, pela manhã, Jucá prometeu contextualizar a gravação e achava que iria reverter a situação. Deu uma entrevista na qual criticava a Folha, afirmava não ter feito nada para travar a Lava Jato e dizia que falava de economia ao comentar que era preciso tirar Dilma para “estancar essa sangria”. Depois de o jornal publicar o áudio entre Machado e Jucá, no início da tarde, mostrando que o ministro não falava de economia ao dizer que era preciso “estancar essa sangria”, o Palácio decidiu que o caso demandava uma solução rápida. 

Ali, ficou acertado que Temer não podia ir ao Congresso sem que houvesse uma definição sobre a situação de Jucá. Por volta das 17h, o presidente interino entregaria a Renan Calheiros (PMDB-AL) a nova meta fiscal, com previsão de rombo de R$ 170,5 bilhões em 2016. Antes de seguir para o Legislativo, Jucá e aliados de Temer acertaram que o até então ministro do Planejamento pediria licença do cargo.


Folha PE

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