Após o alerta de chuvas emitido na última quinta-feira, pela Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), os moradores da Região Metropolitana do Recife (RMR) enfrentaram novos transtornos na manhã desta sexta (3), com pontos de alagamento e trânsito complicado em diversas áreas. No entanto, o diretor-presidente da Apac, Marcelo Asfora, garantiu que não haverá episódios parecidos com os que aconteceram na madrugada da última segunda-feira. “O sistema observado não apresenta a mesma intensidade da chuva de segunda. Tivemos ocorrência de 200 milímetros em seis horas. Devemos ter episódios mais fortes, mas nada comparado àquilo que ocorreu”, afirmou.
No Recife, houve 45 ocorrências, sendo 18 deslizamentos de barreira e uma queda de árvore, além de sete danos parciais em residências. Todos sem vítimas. Já em Igarassu, quatro desabamentos de barreiras, também sem vítimas.
Em Escada, na Mata Sul do Estado, foi onde aconteceu o maior índice pluviométrico, com acumulado de 117 milímetros. Ainda na Mata Sul, em Palmares, tiveram oito deslizamentos de barreiras, sem vítimas, e uma queda de caixa d’água, sem feridos.
Já no Grande Recife, Olinda foi uma das cidades a registrar um dos maiores índices de chuva, com 97mm. O município mal se recuperou das tragédias ocorridas no início da semana e as fortes chuvas resultaram em dez deslizamentos e uma queda de muro. Por sorte, sem vítimas desta vez. Foi preciso a gestão municipal se utilizar de paliativos, como a colocação de lonas em barreiras para conter novos deslizamentos. No bairro de Jardim Fragoso, a avenida Pedro Álvares Cabral era só água. Por lá, nem ônibus passava. "Basta uma chuvinha e alaga. Toda vez é a mesma coisa", queixou-se o autônomo Thiago Rodrigues,18.
Na avenida Chico Science, nos Bultrins, o canal da via transbordou. Para se ter ideia, até carros de grande porte tinham os pneus cobertos pela água. O gráfico Valmir de Souza, 63, precisou enfrentar o alagamento para buscar o seu almoço do outro lado da avenida. "Tem que passar por essa água, fazer o quê? Torcer para não pegar nenhuma doença, porque é agua de chuva e canal misturadas", reclamou. Próximo dali, na rua Elesbão de Castro, também nos Bultrins, a situação era a mesma. A água chegava nos joelhos das pessoas. Muitos motoristas, com medo, recuavam e optavam por seguir outra via.
Já a avenida Presidente Kennedy, em Peixinhos, se transformou num grande rio. O vigilante Paulo da Silva, 32, tomou a iniciativa de atravessar as pessoas com um pequeno barco, sem cobrar nada por isso. "Sempre que chove aqui fica intransitável. Alaga mesmo. Então, resolvi pegar esse barco e transportar as pessoas de um canto a outro da via", disse. Uma galeria aberta às margens da avenida também apresentava um risco para quem passavam na área. O taxista Nivaldo Silva, 57, colocou um pedaço de madeira para alertar às pessoas. "Quase que uma criança caía dentro. A sorte é que a mãe suspendeu o braço dela a tempo de não acontecer uma desgraça", contou.
No bairro do Cajueiro, Zona Norte do Recife, o rio Beberibe transbordou, alagando as ruas Nova Betânia e Pará. Porém, as casas próximas ao trecho não tiveram prejuízo por já estarem abandonadas há cinco anos. Mas, as marcas nas paredes denunciavam que a água chegou a atingir pouco mais de um metro. Logo à tarde, o rio baixou, mas as águas deixaram bastante lixo espalhado.
Reforço
No município ao lado, em Paulista, serão contratadas mais duas máquinas para reforçar o trabalho nos pontos de alagamentos e levantar novos recursos para enfrentar o período de inverno. Houve 20 ocorrências na cidade. No total, foram 99 ocorrências em Pernambuco, segundo a Codecipe. Na RMR e na Zona da Mata, a previsão é que o tempo fique nublado a parcialmente nublado com chuva contínua em toda região ao longo do dia com intensidade moderada a forte.
No Agreste e na Ilha de Fernando de Noronha, nublado a parcialmente nublado com pancadas de chuva em toda região ao longo do dia com intensidade de fraca a moderada. Já no Sertão, o tempo será parcialmente nublado sem chuva em toda região no período da noite. Os rios estão estáveis. Apenas o Una está subindo, mas a situação dele no boletim está classificada como "normal". A Apac assegura que, por enquanto, mesmo com o nível subindo, não corre risco de transbordar e está longe da cota de alerta.
Folha PE