Imagem de sala de aula / Foto: Divulgação.
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE)
agendou para o dia 23 de novembro uma audiência pública para discutir a
realização de "intervalos bíblicos" em escolas da rede estadual. A
iniciativa foi motivada após denúncias de que cultos evangélicos estão sendo
realizados dentro das instituições de ensino, mobilizados pelos próprios
alunos, sem a supervisão de profissionais da educação e sem a inclusão de
outras crenças. A audiência reunirá representantes de professores, gestores,
alunos e entidades religiosas, buscando um diálogo sobre a questão.
As denúncias, recebidas pelo
Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Pernambuco (Sintepe) e encaminhadas
ao MPPE, indicam que as reuniões religiosas não seguem os princípios do ensino
religioso plural, que deve respeitar a diversidade de crenças. De acordo com o
Sintepe, essas práticas estariam ocorrendo sem a aprovação ou conhecimento da
Secretaria de Educação do Estado, levantando preocupações sobre a violação do
princípio do Estado laico, que proíbe a imposição ou favorecimento de qualquer
religião em espaços públicos.
A Secretaria de Educação e
Esportes de Pernambuco informou que os "intervalos bíblicos" não
fazem parte de nenhuma diretriz oficial e que as escolas possuem orientações
pedagógicas específicas para o ensino religioso, que devem garantir o respeito
à diversidade e liberdade de crença. Além disso, a secretaria destacou a
existência de uma cartilha destinada aos estudantes do ensino fundamental, que
aborda o ensino religioso de maneira pluralista.
O debate sobre o tema ganhou
destaque nas redes sociais, especialmente após o pronunciamento de
parlamentares da bancada evangélica de Pernambuco, que se manifestaram
contrários à intervenção do MPPE. O deputado estadual Renato Nunes (PL), em uma
live transmitida pelo Instagram, criticou a tentativa de barrar as reuniões
religiosas nas escolas, defendendo o direito dos alunos de se reunirem para
expressar sua fé. Para ele, a interferência do Estado é uma forma de cercear a
liberdade religiosa.
Por outro lado, o Sintepe
reforçou, por meio de nota oficial, que é favorável ao ensino religioso nas
escolas, desde que seja garantido o respeito a todas as crenças. "O Estado
é laico e imparcial, o que significa que ele não pode impor, proibir ou
favorecer nenhuma religião", afirmou o sindicato. A entidade defende que o
ensino religioso deve ser inclusivo e respeitar a diversidade, e que qualquer
prática contrária a esse princípio fere a neutralidade que deve ser mantida em
instituições públicas.
A audiência pública marcada para novembro será um momento chave para debater os limites entre a liberdade religiosa individual e a laicidade do Estado nas escolas, buscando soluções que conciliem o respeito às diversas crenças e a neutralidade no ambiente escolar. O tema promete mobilizar representantes de diferentes segmentos da sociedade, levantando discussões sobre a forma de abordar a religiosidade nos espaços públicos e educacionais do estado.
FONTE: JC NE 10.