Em setembro de 2024, o endividamento das famílias em Recife alcançou 82,0%, um aumento em relação a agosto, quando a taxa foi de 81,5%. Isso significa que 431.511 famílias estão atualmente endividadas na capital pernambucana, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), com um recorte local feito pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio PE).
O aumento reflete uma aceleração no nível de endividamento ao se comparar o trimestre de julho (78%) a setembro (82%). A inadimplência também cresceu, com 29,3% das famílias com contas em atraso, o que representa 154.263 famílias, um acréscimo em relação aos 28,6% registrados em agosto.
Entre os tipos de dívida, o cartão de crédito continua sendo a principal forma de endividamento para 94,6% das famílias, seguido pelos carnês de lojas (25,2%) e financiamentos de carro (6,2%). Para as famílias com renda superior a dez salários mínimos, o financiamento de veículos se destacou, representando 32,6% das dívidas nesse grupo.
“O aumento do endividamento em Recife reflete o impacto direto de um cenário de mercado de trabalho difícil, marcado pelo desemprego elevado. Além disso, o aumento da taxa de juros pelo Banco Central eleva preço do crédito, tornando mais difícil a capacidade das famílias de gerenciar suas dívidas. A alta dependência do cartão de crédito como principal forma de financiamento é preocupante, pois fortalece um novo ciclo de endividamento”, afirma Bernardo Peixoto, presidente da Fecomércio-PE.
“Embora o financiamento de veículos se destaque entre as famílias de maior renda, é entre as de menor renda que o impacto é mais profundo, já que o elevado endividamento limita sua capacidade econômica. Essa situação exige atenção especial na gestão do crédito e em iniciativas voltadas para a formalização e geração de empregos”, afirma Rafael Lima, economista da Fecomércio-PE.