Donald Trump discursando / Foto: Divulgação.
A vitória do republicano Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, confirmada ontem, sinaliza novos tempos na correlação de forças internacionais, com impactos na política, economia e relações exteriores.
Direita
O ex-secretário da Fazenda e do Planejamento do Governo de Pernambuco Luiz Otávio
Cavalcanti, titular da coluna “Um Ponto de Vista do Marco
Zero”, que estreia na próxima segunda-feira na Folha de Pernambuco, avalia que
há um movimento mundial de crescimento de forças da direita.
"Há
de fato um movimento de direita que alcançou primeiro a Europa e agora os
Estados Unidos. A eleição municipal deste ano confirma esta tendência também no
Brasil. Os grandes vencedores do pleito brasileiro foram direita e
centro-direita. Então, eu diria que a direita brasileira se antecipou,
inclusive, a Donald Trump, pois venceu 30 dias antes dele", disse.
Contudo, o colunista adota a cautela sobre as projeções para o pleito presidencial de 2026. “Na política, dois anos são dois séculos. É muito tempo para se determinar o efeito de uma eleição, principalmente em países com condições e sistemas eleitorais tão diferentes. Não há uma relação de causa e efeito entre Brasil e Estados Unidos", esclareceu.
“A vitória de Donald Trump,
caso suas promessas de campanha sejam realmente implementadas, trará impactos
significativos para a economia brasileira. O cenário traçado por Trump tende a
elevar o risco fiscal americano e, possivelmente, a inflação, o que pode forçar
o FED a rever a sua política de juros, interrompendo a queda das taxas ou até
iniciando um novo ciclo de alta”, explicou Prado.
A elevação dos juros nos EUA encarece investimentos em países emergentes, como o Brasil, e pode estimular uma fuga de capitais para ativos americanos, favorecendo a valorização do dólar. Um possível agravamento da guerra comercial entre EUA e China também deve intensificar a volatilidade no mercado, afetando o Brasil, que depende dos chineses como forte parceiro comercial.
Estímulos
O impacto da vitória de Trump no câmbio brasileiro é reflexo de sua proposta de fortalecimento da economia americana, com estímulos fiscais e cortes de impostos que atraem investimentos de volta aos Estados Unidos.
“Trump foca muito na economia norte-americana como grande motor da economia global. Ele vai estimular bastante a sua economia, seja com benefícios, seja com política monetária, seja com corte de impostos. Isso naturalmente vai favorecer as empresas norte-americanas”, avaliou o mestre em economia Tiago Monteiro.
Outro ponto de atenção é o posicionamento intervencionista de Trump em temas geopolíticos, como os conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio. Segundo Monteiro, isso pode afetar o preço das commodities, como o petróleo, refletindo na produção e nos custos de insumos para o Brasil.
“Trump sobretaxando, por exemplo, produtos asiáticos, a tendência é impactar a economia brasileira. Isso porque a gente vai fornecer menos produtos e menos matéria-prima para a segunda maior economia do mundo, que estará menos integrada com a maior economia do mundo. Isso tende a reverberar em outros grandes centros, como Europa e Ásia”, observou Monteiro.
FONTE: FOLHA PE.