Publicada em 05/07/2016 às 17h39.
Antes de novo Palmeiras x Santos, Nilson ainda tenta entender erro
Após o final do Brasileirão, quando já sabia que não permaneceria no Santos, o atacante queria seguir no Brasil para mostrar seu valor.

Nilson precisou cruzar o mundo para se afastar do trauma causado pelo gol perdido na final da Copa do Brasil do ano passado. No Japão, o ex-atacante do Santos reencontrou a felicidade sete meses após ter chutado para fora a bola que poderia ter mudado a história do torneio nacional, que acabou vencido pelo Palmeiras, rival do Peixe na próxima terça, agora pelo Brasileirão. 

– Eu sofri muito. Foi bem triste o final do ano passado. Hoje estou em um país que me tratam super bem. Voltei a sorrir de novo. No Japão, ninguém nunca comentou nada comigo sobre aquele lance. Talvez fizesse o gol e fôssemos campeões. Talvez não. Já vimos cada virada no futebol. Fiquei muito triste. Aqui, me isolei e consegui me reencontrar – conta Nilson, em entrevista.


Após o final do Brasileirão, quando já sabia que não permaneceria no Santos, o atacante queria seguir no Brasil para mostrar seu valor. Até surgir a proposta do Ventforet Kofu, da primeira divisão japonesa. 


Aconselhado por amigos e família, o jogador relutou em aceitar, mas decidiu se aventurar no país asiático, principalmente pelo lado financeiro. E não se arrepende.


– Aqui é maravilhoso. Sempre tive o sonho de jogar no Japão. É tudo diferente do Brasil: o carro dirige na mão contrária, o povo é educado e te trata bem. Todo dia depois do treino ganho refrigerante e chocolate dos torcedores. São muito carinhosos. É o país que você sempre sonhou, pode sair a hora que quiser, não tem perigo. Só o terremoto que falam que dá medo. Teve uma vez aqui, mas estava no shopping e não senti. Medo, eu tenho mesmo de como está o Brasil – afirma o atacante de 25 anos. 

Com a camisa 9 do Ventforet, Nilson marcou um gol e deu quatro assistências em nove jogos até machucar a parte posterior da coxa direita. Sem jogar desde o fim de abril, o atacante está em fase final de recuperação. No tempo parado, passou a fazer aulas de inglês, aprendeu um pouco da língua japonesa, além de perceber, diariamente, a diferença cultural. 

– Aqui, os próprios jogadores que limpam o vestiário. Eu varro e limpo também. Como estou sendo um dos últimos a sair, vejo umas coisas que não tem no Brasil. Tem que ser prestativo, aprender a cultura do pessoal. Tem coisas que não pode e fico brincando. Eu pegava carona com um japonês, abria o vidro do carro e fingia que jogaria o lixo pela janela. Ele ficava doido. Dizia: "Polícia, polícia". Depois acabam dando muita risada – diz. 


Apesar de estar no outro lado do mundo, Nilson mantém o contato com os amigos que fez no Santos, principalmente com Ricardo Oliveira. A proximidade entre os atacantes se deu, também, por conta da religião. Pastor Oliveira foi quem batizou Nilson ao cristianismo - poucos dias antes da primeira decisão contra o Palmeiras -, além de ter sido um dos maiores apoiadores do atacante após o gol perdido. 


Nilson Santos Copa do Brasil Japão (Foto: Divulgação)
No último Natal, o "Papai Noel" quem ganhou o presente: muito apoio familiar
(Foto: Divulgação)

– Depois da segunda final, nós choramos juntos. Nunca vou esquecer. Ele disse: "O que está acontecendo com você, eu daria tudo para que se fosse comigo, essas críticas de torcida e imprensa". Ele tem um caráter fora do comum. Me levou para casa dele, me erguendo, dando motivação. Até hoje, trocamos mensagens toda semana, batemos papo por mais de 40 minutos. 


Nilson conta que passou por momento de muita tristeza, que resultou em noites sem dormir, no final do ano passado. Para se recuperar, o jogador se apegou na religião e na família. Uma das distrações foi ter se vestido de Papai Noel para alegrar a pequena filha no último Natal. 


Os detalhes daquele triste 25 de novembro, porém, ele não esquece. Após perder o gol, foi selecionado para o doping, onde permaneceu sozinho na sala do exame. Quando chegou ao vestiário, somente dois jogadores, dirigentes e supervisores. O contato com os companheiros de time só aconteceu no ônibus da equipe, quando recebeu muito apoio.



– Entrei no ônibus de cabeça erguida. Todo mundo falou que iria passar. No dia, eu não chorei. Só bateu a tristeza no dia da entrega das medalhas. Dei uma choradinha. Bateu uma dor forte. Falei: "Caramba, que diferente". O pessoal estava bem abalado pelo jeito que foi. Perder aquela final foi doloroso. 



Nilson garante que superou a perda do gol, mas, mesmo no Japão, não deixou de assistir ao lance. 



– Eu revi algumas vezes. Até hoje eu vejo. Muita gente manda cada vídeo também de jogadores perdendo gols, em vários outros lances. É complicado explicar. Foi um lance que a bola corre, eu perco o equilíbrio. Estava no último minuto. Tranquilo, passou. Agora é continuar trabalhando.

 

 

 

 

 

Globo Esporte

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