No terceiro dia de protestos por causa da violência policial contra os negros, os Estados Unidos tiveram centenas de prisões na noite de sábado (9). A CNN informou que ao menos 198 pessoas foram presas em Nova York, Chicaco, em St. Paul, Minnesota e em Baton Rouge, Louisiana.
As manifestações acontecem após dois incidentes que resultaram na morte de dois cidadãos negros por policiais, um em Baton Rouge, Louisiana, na terça-feira (5), e outro na quinta-feira (7), em Minnesota.
As mortes motivaram protestos em várias cidades pelo país. Na sexta-feira (8), um franco-atirador abriu fogo contra agentes que acompanhavam uma manifestação contra a violência policial em Dallas, no estado do Texas (EUA).
Os recentes casos de violência contra afro-descendentes geraram uma onda de protestos nos últimos dias, a maioria pacíficos.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu aos norte-americanos neste domingo (10) que não vejam o país como algo dividido em dois grupos opostos. "Por mais doloroso que esta semana tenha sido, eu acredito firmemente que os Estados Unidos não são tão divididos quanto alguns têm insinuado", disse Obama no início de uma coletiva de imprensa durante viagem à Polônia.
"Não podemos deixar que as ações de alguns definam todos nós", disse Obama, acrescentando que não acredita que o país esteja voltando ao cenário de polarização visto na década de 1960. "Não importa o quão forte, o quão duro e deprimente tenham sido as mortes nesta semana, nós temos princípios nos quais nos alicerçamos", disse ele, segundo informações da Reuters.
Minnesota
O protesto aconteceu em St. Paul, no estado americano de Minnesota, e terminou com 50 detidos, segundo números da CNN.
Os protestos fecharam uma rua principal da cidade, levando, além das prisões, a confrontos entre polícia e manifestantes. A Interstate 94, uma via importante, foi fechada, bloqueando o trânsito.
A polícia informou ter pedido para que os manifestantes se dispersassem, mas eles jogaram pedras, garrafas e outros objetos contra os policiais, ferindo ao menos três.
A polícia também usou bombas de fumaça contra os manifestantes. Participantes do protesto afirmaram que a polícia também usou gás lacrimogêneo e balas de borracha.
Baton Rouge
Segundo a CNN, o total de prisões em Baton Rouge foi de 125 na noite de sábado. Entre elas estpa a de um famoso ativista do movimento Black Lives Matter (BLM, "As vidas dos negros importam"), que filmou o confronto entre a polícia e os manifestantes na cidade. DeRay McKesson postou as imagens em seu perfil no Twitter.
Ele foi detido, segundo informações divulgadas pela France Presse, porque bloqueava a passagem, apesar de o ativista mostrar no vídeo que não havia obstáculos na rua.
Segundo relatos de McKesson, a polícia provocou os manifestantes. "Nós estávamos literalmente de pé na calçada quando eles avançaram. Os manifestantes não estavam bloqueando o trânsito ou fazendo qualquer outra coisa. A polícia simplesmente quis mostrar e usar força", relatou no Twitter.
Nova York
Centenas de pessoas voltaram a se reunir em Nova York no sábado (9), pela terceira noite consecutiva, para repudiar a violência policial contra os negros. "Quem será o próximo?", "Cuidado, racismo", "Não atirem", "Basta", "Sem justiça, sem paz", afirmavam alguns cartazes exibidos pelos manifestantes, segundo a France Presse.
Violência policial contra os negros
Os protestos acontecem após a divulgação de vídeos na internet registrando violência policial contra cidadão negros. Nos dois incidentes, um na terça (5) e outro nesta quinta-feira (7), um homem negro acabou morto em uma ação policial.
Um dos episódios aconteceu em Falcon Heights, Minnesota, e resultou na morte de Philando Castile pela polícia. O estopim para os protestos teria sido um vídeo que a namorada de Castile, Diamond Reynolds, publicou nas redes sociais. As imagens mostram ela sentada no banco do passageiro de um veículo com o namorado, ainda vivo, no assento do motorista e com uma camisa branca manchada de sangue.
No vídeo, Diamond explica que Castile, de 32 anos, estava buscando sua bolsa para mostrar um documento de identidade ao agente e avisou estar com uma arma de fogo porque tinha licença para tê-la, até que a polícia ordenou que ele levasse as mãos à cabeça.
Então, segundo a versão da namorada de Castile, o policial fez "quatro ou cinco" disparos.
As imagens mostram as mãos do policial, visivelmente nervoso, apontando uma arma para Castile, que permanece no interior do veículo em silêncio, com o cinto de segurança e com o tronco do corpo para trás.
Outro caso foi a morte de Alton Sterling, um homem negro de 37 anos, que morreu na terça-feira em Baton Rouge (Luisiana) após uma ação envolvendo dois policiais brancos, incidente que foi gravado e que provocou vários protestos.
As imagens foram gravadas com um telefone celular. No vídeo, um dos policiais parece pegar uma pistola e colocar no pescoço de Sterling, no momento em que ele estava imobilizado no solo.
Ataque em Dallas
Na noite de quinta-feira, um franco-atirador matou 5 policiais durante uma manifestação em Dallas, no Texas. Sete policiais e dois civis ficaram feridos. O atirador, um americano que havia lutado no Afeganistão, foi morto por um robô-bomba da polícia. As autoridades disseram que o atirador, Micah Johnson, afirmou querer "matar pessoas brancas".
O presidente dos EUA, Barack Obama, disse no sábado que o atirador de Dallas "não representa" os afro-americanos. Ele também negou que os EUA sejam um "país dividido" pela questão racial.