Publicada em 15/07/2016 às 08h43.
Índios vendem colar de semente para 'afastar crise' na Fenearte
O dinheiro arrecadado com as vendas na feira será repassado para os índios que estão desempregados na tribo.

Se algum índio da tribo Kariri-Xocó, de Alagoas, estiver com mau olhado ou sem prosperidade financeira, é comum levar a semente regional de Makunã no bolso para afastar a crise. O colar de Makunã, traduzida como olho de boi, é um dos itens mais vendidos pelo índio Paruanã Kariri-Xocó no espaço da tribo na Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte), que segue até este próximo domingo, em Olinda. Além do Kariri, outras sete etnias de Pernambuco, Bahia e Alagoas marcam presença na feira.


O índio Parauanã, palavra que deriva do tronco linguístico Macro-jê e significa rio limpo, explica que a semente é usada dentro do bolso ou em um colar e ajuda a melhorar os negócios quando as vendas estão caindo. “A época de crise chegou para todo mundo. Se o negócio estiver ruim, a gente coloca no bolso”, diz.


Índio Xowa Fulni-o acredita que todos os artigos indígenas têm algum tipo de proteção para quem usa (Foto: Moema França/G1)
Índio Xowa Fulni-o acredita que todos os artigos indígenas têm algum tipo de proteção para quem usa (Foto: Moema França/G1)

 

 

Outro artigo indígena popular na feira é o maraca, mais conhecido como chocalho. O grupo já vendeu 250 peças das 300 que trouxeram. “É um instrumento da união e traz energias boas.


Quando tem um ritual, usamos o maraca para chamar energias e seres da natureza. Tem pessoas que são muito ligadas à natureza e se arrepiam quando eu toco aqui”, diz o índio.

A tribo Kariri-Xocó tem 4,5 mil índios e fica no município de Porto Real do Colégio, em Alagoas, onde se dividem em duas aldeias, uma delas mais próxima da cidade. O dinheiro arrecadado com as vendas na feira será repassado para os índios que estão desempregados na tribo. “Muitas pessoas nos perguntam se somos índios ainda, mas continuamos com ligação com nossos ancestrais, mesmo quando somos índios da cidade. Nossa tribo hoje está evoluindo, temos internet e televisão para ajudar na educação das crianças, mas não deixamos de viver nossa cultura”, explica Parauanã.


Apanhador de sonhos é um dos artigos mais procurados nos estandes indígenas (Foto: Daniela Nader/Divulgação)
Apanhador de sonhos é um dos artigos mais procurados nos estandes indígenas (Foto: Daniela Nader/Divulgação)

O vendedor Xowa Fulni-o conta que todos os artigos vendidos têm algum tipo de proteção, principalmente os que são usados pelos índios. “É porque se a gente usa, fica com nossa energia e dá mais proteção”, explica. No estande da tribo Fulni-o, o artigo mais procurado é o filtro dos sonhos, além dos cocares e dos apitos. Já no espaço da etnia Atikum, de Carnaubeira da Penha, Sertão de Pernambuco, os jovens têm procurado pelas pulseirinhas de palha e couro.



A Fenearte funciona das 14h às 22h, durante a semana, e das 10h às 22h, nos sábados e domingos. Os ingressos custam R$ 10 e R$ 5 (meia) de segunda a quinta e R$ 12 e R$ 6 (meia) nas sextas, sábados e domingos. A programação completa está disponível no site do evento.

 

 

 

 

 

 

G1

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