O analista de comércio exterior Marcus Thulio Rocha, de 28 anos, estava em Nice, na França, próximo ao local do atentado - um caminhão atropelou diversas pessoas na última quinta-feira (14) que estavam assistindo à queima de fogos em comemoração ao 14 de Julho, Dia da Bastilha. Na manhã desta sexta-feira (15), a cidade estava completamente vazia.
"O sentimento [de Nice] é muito triste. O taxista que me levou para a estação ferroviária disse que para o povo de Nice o verão acabou. Lá, o verão estava começando agora. A cidade é extremamente turística e ficou completamente abalada com o que aconteceu ontem", afirmou o funcionário do Ministério da Fazenda.
Nascido em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, e trabalhando em Brasília, o servidor público estava jantando em um restaurante de Nice a alguns quarteirões de onde o ataque ocorreu. Na ocasião, os franceses comemoravam a Tomada da Bastilha - ocorrida durante a Revolução Francesa, em 14 de julho de 1789.
"Quando estava perto de pedir a conta, vi que a rua - antes vazia - começou a lotar de gente. Ninguém sabia o que tinha acontecido. Começamos a perguntar, mas quem estava disposto a falar, só dizia que teria havido uma troca de tiros. Como tinha muita gente vindo, acelerei o pagamento da conta e fui para o hotel. Só quando liguei a TV foi que vi que um caminhão tinha avançado sobre a multidão. Quando o número de feridos e mortos começou a ser contabilizado, percebi que se tratava de um atentado", relatou Marcus Thulio.
Ele ainda informou que um perímetro da cidade ficou fechado por segurança. "Os taxistas e outras pessoas que têm carro estavam ajudando a população a escapar daquela situação. Os moradores de Nice estavam abrindo as casas para alguns se refugiarem", detalhou o analista.
O pai de Marcus, o comerciante Osmam Bezerra, de 56 anos, disse que o filho foi para Marselha fazer um curso de francês e estava hospedado na universidade. O filho dele já volta ao Brasil neste sábado (16).
"Ele está há 45 dias na França e já terminou o curso. Depois de estudar, ele decidiu conhecer alguns lugares próximos de onde ele estava. Marcus foi para o Reino Unido, Mônaco e Nice. Eu ficava alertando para ele não ficar em locais muito tumultuados, mas ele sempre foi muito cuidadoso", destacou.
O atentado
Um caminhão atropelou diversas pessoas na última quinta-feira (14) que estavam assistindo à queima de fogos em comemoração ao 14 de Julho, Dia da Bastilha, em Nice, no sul da França, matando dezenas. O ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, afirmou que 84 pessoas morreram e 18 estão em estado de "emergência absoluta", considerado muito grave.
O presidente francês, François Hollande, disse que o atentado tem "caráter terrorista". Ele anunciou que vai estender por três meses o estado de emergência no país e ampliar operações na Síria e no Iraque. O gabinete da Procuradoria de Paris abriu investigação para apurar se o ataque foi mesmo terrorismo. Seria o terceiro ataque terrorista no país em um ano e meio.
O ataque aconteceu no Promenade des Anglais (Passeio dos Ingleses), uma avenida à beira-mar, por volta das 22h30 (17h30 em Brasília). O procurador de Nice, Jean-Michel Prêtre, disse que o veículo percorreu 2 km entre a multidão.
G1