O ministro de Relações Exteriores do Brasil, José Serra, defendeu nesta última sexta-feira, por meio de nota, respeito “à ordem constitucional” na Turquia, onde militares tentaram dar um golpe de Estado.
"Em relação aos acontecimentos em curso na Turquia, o governo brasileiro insta todas as partes a se absterem do recurso à violência e recorda a necessidade de pleno respeito às instituições e à ordem constitucional”, disse Serra.
A rebelião começou nesta sexta e a noite foi de confrontos entre o grupo de militares e as forças fiéis ao governo eleito. Lugares estratégicos, como pontes de Istambul e o principal aeroporto do país, foram fechados.
O primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, disse neste sábado que a tentativa de golpe deixou ao menos 161 mortos, sem contabilizar as mortes de 104 golpistas, o que resultaria em um total de 265 mortos.
O presidente Recep Tayyip Erdogan disse que se tratava de uma tentativa de revolta de uma minoria dentro das forças militares e pediu que o povo fosse às ruas. Ele ainda afirmou que a rebelião havia sido controlada.
Em cidades como Ancara e Istambul havia multidões em lugares públicos, como mostraram imagens da imprensa e de transmissões pela internet.
Em nota, o Itamaraty informou que a embaixada brasileira em Ancara e o Consulado-Geral do Brasil em Istambul funcionam em regime de plantão de 24 horas e "estão atentos à situação dos brasileiros, inclusive aqueles que integram delegações oficiais em visita à Turquia."
"Na expectativa de informações mais precisas sobre os eventos em curso na Turquia, o governo brasileiro acompanha com atenção a evolução da situação e recomenda aos cidadãos brasileiros residentes ou de passagem por aquele país que tomem as medidas necessárias para garantir sua segurança até que a situação se normalize", disse o Itamaraty na noite desta última sexta.
Pelo Twitter, o Itamaraty também pediu que brasileiros que estivessem na Turquia entrassem em contato com familiares a fim de "tranquilizá-los".
"O governo brasileiro acompanha com atenção os desenvolvimentos na Turquia. O Ministério das Relações Exteriores recomenda a todos os cidadãos brasileiros que residam ou estejam na Turquia que façam contato com seus familiares no Brasil a fim de tranquilizá-los. Recomenda-se, ainda, evitar a circulação pelas ruas, em todo o país, até que a situação se normalize."
Ministro brasileiro
O ministro da Cultura do Brasil, Marcelo Calero, está em Instabul, na Turquia, onde participaria de reunião da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Ele infirmou que decidiu não sair do hotel devido à tensão que se instaurou na Turquia.
Segundo o Ministério da Cultura, a comitiva brasileira "está bem e aguarda os desdobramentos da situação".
O ministro brasileiro desembarcou na Turquia nesta sexta, mais cedo, para acompanhar reunião prevista para ocorrer no sábado e avaliar a candidatura do Conjunto Arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, a Patrimônio Histórico da Humanidade. Além do chefe da pasta da Cultura, a comitiva do Brasil é formada por seus assessores, servidores do Itamaraty e do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
"A comitiva brasileira está em constante contato com o Ministério das Relações Exteriores, em Brasília, e conta com o apoio do Consulado Geral do Brasil, em Istambul", diz nota divulgada pelo Ministério da Cultura.
Em troca de mensagens com o site, Marcelo Calero disse que estava bem. “Tudo bem, fora o susto”, disse Calero. “Estamos em segurança. Estamos aguardando os desdobramentos”, disse Calero que esperava a liberação do aeroporto de Istambul, para voltar ao Brasil.
Resultado da rebelião
O presidente Recep Tayyip Erdogan afirmou neste sábado que não irá entregar o país e que seu gabinete continua funcionando em Ancara. Acrescentou que "milhões" de turcos estão nas ruas protestando contra a tentativa de golpe e que ficará "com o povo".
Erdogan diz que muitos oficiais estão sendo presos e que as prisões continuarão, inclusive atingindo militares de altas patentes. Agências de notícias informaram que pelo menos 5 generais e 29 coronéis rebeldes foram presos. Erdogan diz que irá terminar de limpar as forças militares.
O governo alega que integrantes de um movimento que é leal ao clérigo opositor Fethullah Gulen, que mora nos EUA, organizaram a tentativa de golpe. Mas o grupo de Gulen disse condenar qualquer intervenção militar na política doméstica da Turquia.
Houve relatos de violência, inclusive da morte de 17 policiais, além de uma explosão no Parlamento. Por volta das 23h00 (hora de Brasília) já fim da madrugada na Turquia, ainda não estava claro quem detinha o controle da situação.