O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, voltou a sinalizar, desta vez para parlamentares governistas da Comissão Mista de Orçamento, que sua permanência no governo "perderá o sentido" se não for aprovada para o próximo ano uma meta de superavit primário de 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto). Segundo interlocutores do ministro, zerar a meta fiscal para 2016, como defende uma ala do governo e parlamentares governistas, levará o país a perder o grau de investimento das agências de classificação de risco Moody's e Fitch e a um aprofundamento da crise econômica.
Nas palavras de Joaquim Levy, esta decisão faria com que 2016 repetisse, na economia, o ano de 2015, retardando a recuperação econômica brasileira e colocando em risco, inclusive, o ano de 2017. O ministro já havia confidenciado a assessores e interlocutores do mercado que iria batalhar pelo superavit em 2016, mas que, se fosse derrotado, daria como "concluída sua missão" no governo, respeitaria a decisão do Palácio do Planalto, mas não seguiria no cargo.
Agora, diante do risco de o Congresso zerar a meta fiscal, Levy fez questão de transmitir o mesmo recado aos parlamentares que integram a Comissão Mista de Orçamento que trata do assunto.
O ministro da Fazenda já havia conseguido vencer uma batalha interna dentro do governo em torno da meta de economizar 0,7% do PIB. O Ministério do Planejamento e a Casa Civil chegaram a apoiar uma proposta de fazer um abatimento entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões do superavit previsto para o próximo ano, o que, na prática, reduziria a meta a praticamente zero. Mas a presidente Dilma recuou e apoiou o ministro da Fazenda.
FONTE: FOLHAPE