Publicada em 24/03/2017 às 11h31.
Mortandade de fauna está sob investigação em Maracaípe
Promotora recebeu denúncias de pesca ilegal por bombas caseiras em Ipojuca. Análise laboratorial deverá apontar a causa.

Cavalo marinho

Cavalo marinho

Foto: Arthur de Souza/Folha de Pernambuco

 

A responsabilidade pela mortandade em massa de animais no estuário do rio Maracaípe, em Ipojuca (Litoral Sul de Pernambuco), será investigada pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Na quinta-feira (23), era possível ver várias espécies boiando próximo ao manguezal. 

Sargento (Abudefduf saxatilis), frade ou paru (Pomacanthus paru), gato (Ictalurus melas) e camurim (Centropomus undecimalis) foram algumas da espécies de peixe afetadas. Nem os cavalos-marinhos (Hippocampus), forte atração turística durante os passeios de jangadas no rio, escaparam da má-fé alheia. 

Em ação conjunta, amostras de água foram coletadas por fiscais da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) e Secretaria de Meio Ambiente do município. O laudo técnico deverá sair em até cinco dias e será encaminhado à Promotoria de Meio Ambiente de Ipojuca.

À frente das investigações, a promotora Bianca Stella Barroso explicou que a análise laboratorial deverá apontar a causa, o que servirá de prova para a abertura de uma investigação. Embora não tenha provas, denúncias de que há pesca ilegal por meio de bombas caseiras chegaram ao conhecimento da promotora. "Não é de hoje que denúncias como essas chegam à Promotoria. A Cipoma, inclusive, chegou a fazer rondas de madrugada para tentar flagrar, mas não conseguiu. A qualidade da água também poderá identificar se há despejo de esgoto. Não descartaremos nenhuma possibilidade", afirma Bianca Stella.

A Folha de Pernambuco encaminhou registros fotográficos para pesquisadores no assunto. Embora não descarte o lançamento de dejetos no rio, o especialista em piscicultura marinha e engenheiro de pesca pela UFRPE, Willy Pessoa, acredita que o aspecto em que os animais foram encontrados reforça a possibilidade de que os óbitos foram mesmo provocados por pesca com bombas caseiras. 

"Os animais não morreram com a boca aberta, ou seja, isso é um indicativo que o nível de oxigênio na água está bom. É perceptível também a ausência de pigmentação nos animais e em outros a cor está bem clara. Isso significa que eles foram expostos a algum estresse e bomba causa impacto, logo, afeta o emocional", explica. "Agora, se for algum poluente, é preciso ter uma investigação cautelosa das fontes poluidoras próximas ao rio. Porque o Paru, por exemplo, é uma espécie frágil e sobrevive em águas de boa qualidade. Qualquer poluente causa uma mudança brusca e compromete, principalmente, espécies assim", complementa o engenheiro de pesca também pela UFRPE Osman Crespo.

Outras possibilidades
A resposta, aponta Pessoa, pode estar também no sangue dos animais. "A CPRH e a gestão municipal não tem que se limitar apenas à coleta da água, pois a saúde do rio pode estar boa. É preciso também que haja uma investigação do sangue desses peixes para identificar o nível de cortisol (hormônio do estresse) e o lactato (que revela o esforço físico desses animais). Infelizmente, o uso de bombas para pesca predatória é muito comum em braços de rio e áreas estuarinas, como é o caso do rio Maracaípe", lamenta Pessoa, chamando a atenção de que a omissão de casos como esse ocorre porque a legislação é frágil e falta vontade política para investir em ações fiscalizatórias. Sobre essa avaliação, a CPRH informou "estar aberta a qualquer ajuda, embora não possa especular sem ter elementos. Porém, a Agência vai, sim, acatar a recomendação dos especialistas". 

 

 

Folha PE

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