© Reuters / Ueslei Marcelino
Uma rede de doleiros, que atuavam em 52 países, era utilizada por políticos e empresários para enviar dinheiro para o exterior ou receber valores no Brasil sem pagar impostos. Como o montante não é rastreado pelo Banco Central, escapa das autoridades e dos impostos.
O esquema de lavagem de dinheiro foi delatado pelo doleiros Vinícius Claret, o Juca Bala, e Claudio Barbosa, o Toni. A dupla entregou toda a contabilidade dos operadores chefiados pelo doleiro Dario Messer, que está foragido da Justiça.
A equipe do Jornal Nacional analisou os extratos e cruzou os nomes que aparecem nos documentos com arquivos apreendidos em outras fases da Lava Jato. O jornal teve acesso à planilha do doleiro nomeado como “Ministro” no sistema, que é Lúcio Funaro.
Foram encontradas 65 movimentações financeiras relacionadas ao nome de Altair no extrato. As operações somam quase R$ 10 milhões.
Segundo Funaro, Altair era o responsável por repassar dinheiro para o ex-deputado Eduardo Cunha e para o presidente Michel Temer.
“Eu tenho certeza que parte do dinheiro que era repassado, que o Eduardo Cunha capitaneava em todos os esquemas que ele tinha, ele dava um percentual também pro Michel Temer. Eu nunca cheguei a entregar mas o Altair deve ter entregado assim, algumas vezes”, disse o doleiro.
“O Altair as vezes comentava. Que tinha que entregar um dinheiro pro Michel, o escritório do Michel é atrás do meu escritório, entendeu?”, completou.
O ex-funcionário da Odebrecht, José Carvalho Filho, também já havia citado a participação de Altair no esquema. Num depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no processo de cassação da chapa Dilma/Temer, ele disse ter recebido do ministro Eliseu Padilha vários endereços pra entrega de dinheiro. Um deles, em São Paulo, era do "senhor Altair ou Zabo". A entrega foi de R$ 500 mil e está registrado nas planilhas de Funaro.
O Planalto e a defesa de Eliseu Padilha negam terem recebido propinas. Eduardo Cunha não quis se manifestar.
De acordo com as planilhas, Funaro movimentou quase R$ 83 milhões de 2011 a 2016. Juntos, os 47 doleiros, que tiveram a prisão decretada na quinta-feira (3), movimentaram quase R$ 6 bilhões.
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