Publicada em 10/05/2018 às 11h28.
[OPINIÃO] Abril despedaçado, o mês se foi e levou consigo três ícones da cultura brasileira
Em artigo, a professora Andréa Galvão analisa o impacto da perda de grandes nomes da cultura nacional.

 


 

Por Andréa Galvão.


 

Com o advento das novas tecnologias de comunicação, a cultura de massa se instalou e impôs o seu poder de homogeneizar as preferências das pessoas, fazendo com que elas se apropriem do que é veiculado pela mídia sem muitos questionamentos. Talvez por isso não tenham se dado conta do quão significativas foram as perdas no cenário artístico e cultural no mês passado. Na contramão dos 15 minutos de fama, os que partiram tiveram que batalhar muito para terem um lugar ao sol.


As cortinas se fecharam primeiro para Ivone Lara da Costa ou simplesmente Dona Ivone Lara, respeitosamente chamada por todos. Ela compôs as primeiras músicas na década de 40 e quem assinava as letras era um primo, já que temia que todas fossem rejeitadas por terem sido feitas por uma mulher. O preconceito figurava fortemente nessa época . Sua consagração só ocorreu em 1965, quando se tornou a primeira sambista a fazer parte da ala de compositores de uma escola de samba.


Em 1977, depois de aposentada como enfermeira, passa a se dedicar exclusivamente à carreira artística. O que ela compôs é sucesso até hoje na voz de Maria Bethânia, Beth Carvalho, Marisa Monte, entre outros. Em 16 de abril de 2018 ela subiu para os palcos do céu ,aos 96 anos, contudo deixou uma vasta obra para o deleite de quem aprecia boa música.



Em menos de uma semana, dia 21, em pleno feriado do Dia Tiradentes. Morre de câncer no fígado, Nelson Pereira dos Santos. Cineasta afamado, o primeiro a entrar para Academia Brasileira de Letras (ABL). Foi ele quem adaptou para o cinema a obra Vidas secas de Graciliano Ramos, um dos filmes mais premiados de todos os tempos.



Por último, no dia 28 deste mesmo mês, a alegria do brasileiro ficou triste quando foi noticiada a morte do comediante Agildo Ribeiro, aos 86 anos, acometido de problemas cardíacos. Ele estrelou em filmes, no teatro, entretanto foi na TV que que mostrou todo seu potencial para fazer rir. Atuou em programas como o Balança Mas Não Cai, Planeta dos Homens, Zorra Total e Tá no Ar,  A TV na TV. Todos na Rede Globo.



 As cortinas se fecharam para sempre para estes artistas que à medida que produziam entretenimento, sedimentavam o caráter e a personalidade de indivíduos. Luís Costa Lima, professor doutor da UERJ, afirma em sua obra, Teoria da Cultura de Massa: “Em outros tempos, a Arte era uma alternativa para alimentar o espírito, emana indistintamente do público e do artista um fluido misterioso que transforma cada concerto, conferência, filme ou peça de teatro numa experiência espiritual única”. Sem dúvida alguma Dona Ivone Lara, Nelson Pereira dos Santos e Agildo Ribeiro cumpriram muito bem esse papel.

    

 

 

 

Os comentários abaixo não representam a opinião do Portal Nova Mais. A responsabilidade é do autor da mensagem.
TODOS OS COMENTÁRIOS (0)



Login pelo facebook
Postar
 
Curiosidades
Policia
Pernambuco
Fofoca
Política
Esportes
Brasil e Mundo
Tecnologia
 
Nova + © 2025
Desenvolvido por RODRIGOTI