Publicada em 25/02/2016 às 10h04.
Mais seis meses de tremores no Agreste do Estado
Especialistas em sismologia avaliaram os abalos sentidos na cidade de São Caetano e redondezas

 

As marcas do fenômeno ficaram aparentes dentro e fora de várias casas na região

 

Os tremores de terra podem continuar por até seis meses no Agreste do Estado. A avaliação é de especialistas em sismologia que vistoriaram a região do epicentro dos abalos, no município de São Caetano, a 150 quilômetros do Recife. O diagnóstico se deve à continuidade da movimentação das rochas, com a dissipação de energia, não havendo relação com o clima ou vegetação. De acordo com os técnicos, cerca de 300 pequenos eventos devem ser registrados até a manhã de hoje. Uma média de 25 cidades, em um raio superior a 100 km, sentiu o impacto do fenômeno, que causou temor entre a população. Até mesmo no alto dos edifícios da cidade vizinha, Caruaru, a situação não passou despercebida. Nas ruas e vilarejos, moradores e comerciantes apontaram rachaduras, sem esconder a preocupação.

 

 

“Infelizmente, o tremor de terra é algo que não se pode prever em nenhum lugar. Faz parte de um ciclo natural da natureza. O nosso trabalho agora é de macrossismo, que inclui a apuração de toda a parte estrutural, com possíveis prejuízos, além de esclarecer à população, evitando o pânico. Temos registros nesta região em diversas magnitudes e ela continuará como alvo de nossos estudos”, explicou o professor do Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Eduardo Menezes. Segundo ele, a falha atual sinaliza compreender a mesma placa no Lineamento Pernambuco, mas não é descartada a chance de se tratar de uma ramificação do eixo principal.

 

 

Com 37 mil habitantes, 60% deles distribuídos na área urbana, São Caetano teve, desta vez, um registro mais intenso nas áreas próximas ao Centro. A distância é de pelo menos 15km dos tremores anteriores, nos anos de 2006 e 2010. Nos dois polos, as falhas assinalaram aberturas subterrâneas na ordem de 3 e 4 km, respectivamente. Para o tremor desta semana, os pesquisadores estimam uma média de 60 dias para uma identificação efetiva de sua dimensão. “As pequenas rupturas acontecem no subsolo, como falhas geológicas, sem comprometer a borda da placa. Caso isso acontecesse, seria uma catástrofe, como visto em outros países. Cabe o nosso controle, mas não há motivo para pânico”, tranquilizou Menezes.

 

Segundo o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar, nenhuma ocorrência grave foi registrada no município ou em cidades vizinhas. De acordo com a prefeitura, não houve deslizamentos de barreiras, assim como a necessidade de abrigar moradores. O coordenador da Defesa Civil, Ariberto Soares, garantiu que as famílias poderão ser assistidas. “Vamos realizar um cadastramento, identificando possíveis danos materiais. Não tivemos casos de relevância, mas as visitas continuarão de uma ponta à outra da cidade”, disse. O novo sismo marcou uma profundidade na ordem de 4km. Segundo o gestor, o município é dotado de 15 bairros, mas os três distritos rurais se configuram como as áreas mais vulneráveis. “São pessoas carentes, a maioria mantendo muitos filhos e familiares.”

População contabiliza perdas

O dia seguinte ao tremor de terra, na ordem de 3,8 na escala Richter, foi marcado por incertezas e a contabilização de prejuízos. O comerciante José Wilson, 42 anos, mora com a esposa e os filhos em uma casa simples, de poucos cômodos, no vilarejo de Santa Luzia. O lugar é distante 13km do Centro de São Caetano, sendo conhecido por registrar os maiores abalos. “A cama balançou e algumas peças chegaram a cair da estante”, contou. Perto dali, a aposentada Maria José da Silva, 80, demonstrava resignação. “Já enfrentamos essa situação algumas vezes e o medo sempre permanece”, lamentou.

Mais adiante, na área conhecida como sítio Gamboa, o agricultor Luiz Claudino dos Santos, 49, apontava as rachaduras nas paredes, motivo de temor para a família com oito pessoas. As marcas do último tremor, em 2010, ainda estão na sala de estar da casa de dona Maria Aparecida Lima, 39. O fenômeno deixou grandes fissuras, telhas quebradas e até o revestimento não conseguiu resistir. “De novo, vi tudo tremer e as coisas caindo no chão. Pensei que o pesadelo ia se repetir. Da outra vez, não tivemos dinheiro para consertar a casa e ninguém nos ofereceu qualquer assistência”, criticou.

CARUARU - Prédios altos, centros de compras e movimentados empresariais passaram a compor o cenário de Caruaru, no Agreste. A particularidade parece apontar para uma ameaça, ao pensar em abalos de terra na região. No décimo andar de um dos edifícios, a dona de casa Karina Viana, 36, não negou a experiência. “O elevador começou a balançar e as luzes ficaram piscando”, contou.

Conforme as autoridades, os bairros Maurício de Nassau, Universitário, Indianópolis e Salgado estão entre os que mais sentiram os abalos. Segundo a Defesa Civil, o episódio não implicou em comprometimentos de estruturas.

 

FolhadePE

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