O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta quinta-feira, após participar de cerimônia de posse no Tribunal Superior do Trabalho (TST), que a prisão do marqueteiro João Santana, na Operação Lava Jato, não tem "relação" com as campanhas eleitorais da presidente Dilma Rousseff. O marqueteiro foi preso nesta terça-feira, após retornar da República Dominicana, onde atuava em campanha presidencial.
João Santana teve a prisão decretada por ter recebido, segundo a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, US$ 7,5 milhões em conta secreta no exterior. Investigadores suspeitam que ele foi pago com propina de contratos da Petrobras. O marqueteiro atuou nas campanhas de Dilma em 2010 e em 2014, e na reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006.
"Não há nenhuma relação entre os fatos investigados e a campanha da presidenta Dilma. Há, sim, uma clara tentativa de setores da oposição de fazer especulações e tentar reverter o resultado das urnas. Não acredito, sinceramente, que nenhum desses processos tenha algum fato que possa justificar a cassação do mandato", disse Cardozo.
Além de Santana, foi presa a mulher e sócia dele, Monica Moura. Os dois prestaram depoimento nesta quinta na Superintendência da PF em Curitiba. Em mais de 3 horas de depoimento, Santana admitiu a existência de conta não declarada no exterior, mas também negou que fosse para recebimento de valores por campanhas no Brasil. Segundo Santana, Monica era a responsável pelas movimentações nas contas.
Ao depor, Monica afirmou à Polícia Federal que ela e o marido não receberam nenhum recurso de caixa 2 de campanhas realizadas no Brasil. A decretação de prisão dos dois ocorreu na segunda-feira, na chamada Operação Acarajé. A PF suspeita que os recursos tenham origem no esquema de corrupção na Petrobras investigado na operação Lava Jato.
Uma das principais linhas de investigação são os repasses de US$ 3 milhões feitos pela empreiteira Odebrecht, um dos alvos da Lava Jato, ao marqueteiro João Santana. Segundo relatório da PF, João e a esposa ocultaram das autoridades os recursos recebidos no exterior porque tinham conhecimento da "origem espúria" deles.
Esse dinheiro foi escondido, conforme o relatório, mediante fraudes e "com a finalidade exclusiva de esconder a origem criminosa dos valores, que, como se viu, provinham da corrupção instituída e enraizada na Petrobras".
FONTE: G1