Publicada em 14/09/2019 às 09h21.
Caso de mãe que esperava gêmeos e recebeu só um bebê será investigado
Médicas e exames de ultrassom feitos em clínicas diferentes apontaram que garota de 15 anos esperava dois meninos.

Imagem: Reprodução/TV Globo

 

O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) abriu uma sindicância para investigar o caso da adolescente de 15 anos que passou nove meses esperando ter gêmeos, mas recebeu apenas um bebê após o parto. Na sexta-feira (13), a menor de idade e a mãe dela, a empregada doméstica Daniela Santos, prestaram depoimento à Polícia Civil, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. 


As duas médicas que fizeram exames de ultrassom na jovem também depuseram. O Cremepe informou que não recebeu denúncia oficial, mas que tomou conhecimento do caso a partir da matéria publicada pelo G1, na quinta-feira (12), e que, por isso, abriu uma sindicância "ex-offício", para investigar o ocorrido.


O presidente do órgão, Mário Fernando Lins, afirmou que, em 40 anos de medicina, nunca viu um caso semelhante.


"Tenho quatro décadas de formado e nunca vi um caso desses. É inusitado. Vamos pedir explicações às ultrassonografistas e a quem participou do parto, bem como à família do bebê. Esse processo envolve a análise de prontuário médico e outros documentos, que serão analisados por um relator sindicante e, depois, por uma Câmara Técnica, que envolve sete ou oito médicos", explica o presidente.


Mário Fernando Lins afirma, ainda, que o prazo máximo para a conclusão do processo é cinco anos. "Entretanto, normalmente, isso é finalizado em três anos, no máximo. Se houver indícios de infração ao código de ética, será feito um julgamento. Mesmo se não houver, cabe recurso ao conselho federal, de qualquer das partes", diz Mário Fernando Lins.


O parto foi realizado no Hospital Guararapes. A família da adolescente, que não teve o nome divulgado, achava que ela estava grávida de gêmeos porque dois exames de ultrassom, feitos em clínicas diferentes e enviados à reportagem pelos parentes da menor, atestam "gravidez gemelar.


Além disso, nos exames de pré-natal, as médicas diziam ter escutado batimentos cardíacos de duas crianças, segundo relatos da mãe da menor. No sábado (7), no Hospital Guararapes, após a cesariana, os médicos disseram aos familiares da garota que havia apenas uma criança.


A mãe da jovem também disse que não conseguiu entrar com a adolescente na sala de parto por cerca de 30 minutos, porque estava esperando a chegada de uma segunda pediatra e de uma roupa de proteção para evitar contaminações no ambiente cirúrgico. Ela diz que, ao entrar no local, a adolescente já estava anestesiada e que o procedimento já tinha começado.


Polícia


O caso está sendo investigado pela delegada Vilaneida Aguiar. Ela informou, nesta sexta, que foram pedidas ao hospital informações sobre todos os membros da equipe médica que participaram do parto, bem como imagens de câmeras de segurança da unidade.


"Nós já oficiamos, solicitamos tudo isso e ainda não recebemos resposta", diz a delegada. Ela afirma, ainda, que deverá pedir novos exames. "Vou me informar se há outros exames a fazer, como outra ultrassom", afirma Aguiar.


Ainda segundo a delegada, foram intimadas para prestar esclarecimentos as médicas que realizaram os exames de ultrassom na adolescente, e que emitiram laudos apontando a presença de dois bebês, bem como as quatro obstetras que acompanharam a menor no pré-natal.


Nesta sexta, as ultrassonografistas depuseram. A ouvida da adolescente foi feita por um policial especializado em registrar depoimentos de crianças e adolescentes vítimas de trauma.


"Todas as médicas foram intimadas. Um dos exames [de ultrassom] foi feito com quatro meses de gravidez e atestou a presença de gêmeos e o outro foi feito com oito meses, também apresentando dois bebês", afirma a delegada.


A delegada disse, ainda, que o depoimento da adolescente vai ajudar a elucidar o caso. "Queremos ouvir da própria menor se ela estava adormecida e se, por algum motivo, não estava consciente. Sabemos que é uma cesariana, mas geralmente a mãe fica consciente. [Queremos saber] o que ela percebeu, desde o momento em que ela entrou na sala do parto", declara Vilaneida Aguiar.


"Foi mais ou menos 20 a 30 minutos quando ela [mãe da adolescente] recebeu a roupa de proteção e entrou na sala de parto. Segundo ela, não demorou muito, como se já tivesse [sido iniciado] o procedimento. Em, mais ou menos, dez minutos, teria nascido o bebê. Ela perguntou pelo outro e disseram que só tinha um", diz a delegada.


Os exames feitos durante a gravidez mostravam, inclusive, posições e medidas diferentes para cada um dos fetos. O parto foi realizado na unidade de saúde, onde, segundo a família, havia uma equipe médica compatível para o nascimento de gêmeos, incluindo duas pediatras.


"Vou levar pessoalmente a adolescente ao Instituto de Medicina Legal. Um médico ginecologista vai analisar os exames originais, as filmagens do ultrassom, e eu vou pedir uma perícia desses exames. Ele vai dizer se, naqueles filmes, há dois bebês ou, se for um bebê, o que poderia ser aquela outra imagem", explica a delegada.


Entenda o caso


Um vídeo gravado em agosto, pelas irmãs da adolescente, que também são gêmeas, e enviado pela família, mostra um trecho da segunda ultrassom realizada na jovem.


É possível ouvir a médica conversando com a paciente e se referindo à gestação como sendo de dois bebês. Ela chega a apontar, na tela, onde estaria cada uma das crianças. 


"A cabecinha está bem em cima, desse aqui. O outro está com a cabecinha embaixo. Esse de cá está com a cabecinha bem aqui e o outro está sentado, com a cabeça para cima", são algumas das informações repassadas pela médica à paciente.


Hospital


Por meio de nota enviada na quinta-feira (12), o Hospital Guararapes informou que o parto ocorreu sem intercorrências e que, "diante dos exames de ultrassonografia realizados pela paciente em outras instituições e que demonstravam que ela estava com gestação gemelar", preparou "equipe assistencial incluindo, médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, compatível com o procedimento de cesariana."


O hospital afirmou, ainda, que "a mãe da paciente estava presente no parto de sua filha e assistiu a todo o procedimento da equipe médica, desde o início da incisão para a cesariana até a saída do bebê e acompanhou todo o ato cirúrgico, bem como a surpresa de toda a equipe ao constatar que havia apenas um bebê."


Segundo a unidade hospitalar, a mãe "também acompanhou os procedimentos de verificação da equipe médica no intuito de ter a certeza de que não havia outro bebê, sendo, de fato, constatado que não se tratava de uma gestação gemelar."


Por fim, o Hospital Guararapes informou que está à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos.


FONTE: G1

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