Imagine uma escola inaugurada há menos de um ano e que custou aos cofres públicos R$ 7,8 milhões. Um local com salas de aula equipadas com bancas e quadros novos, biblioteca, jardim, parque de diversões e ginásio. Um colégio que, pelo investimento e pelo perfil, é chamado de modelo. A Escola Municipal Cremilda Maria Santana de Oliveira, na Cidade Garapu, no Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife, tem tudo isso. Só não tem professor suficiente. Por dois dias, pela manhã e à tarde, a reportagem da TV Globo flagrou parte dos alunos voltando para casa sem aula.
A Escola Cremilda Maria Santana de Oliveira foi entregue à população de Cidade Garapu em 13 de julho do ano passado. A infraestrutura da unidade de ensino é das melhores, tudo novo. O problema é que nem todos os 500 alunos podem usufruir desse espaço. Nos dias 2 (tarde) e 3 (manhã) deste mês, dezenas de estudantes chegaram para assistir às aulas, mas não passaram do portão. Foram obrigados a dar meia volta, por falta de professor.
“Estou sem aula desde fevereiro. É um absurdo isso. A gente quer estudar e não pode”, lamenta Carlos Eduardo Ramos, do 5º ano do ensino fundamental. O colega dele, Renan José da Silva, aluno do 4º ano, exibe o caderno quase todo em branco. Resultado de mais de dois meses sem aula. A mochila não tem livros. É que ele ainda não recebeu nenhum. “Eles só mandam a gente ficar esperando. É muito chato isso”, afirma
A frustração dos estudantes caminha lado a lado com a indignação dos pais. “Eles dizem que não sabem quando vai chegar professor, qual o dia, qual a hora”, reclama a dona de casa Fabiana Maria da Silva. “Até hoje nada foi feito, e nossas crianças ficam à mercê disso, perguntando quando é que vai ter aula. A gente quer uma providência”, esbraveja a também dona de casa Camila Cristina.
Além disso, falta fardamento escolar para a maioria dos estudantes. Os pais fizeram uma reunião na semana passada e, diante da situação, resolveram não esperar mais da Prefeitura do Cabo. Vão tirar do próprio bolso e comprar os uniformes. Para piorar, no entorno da escola o mato alto toma conta, e uma rua lateral, de barro, fica tomada por poças gigantes sempre que chove.
Respostas da Prefeitura do Cabo
De acordo com a Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho, 155 professores foram convocados para assinar contrato de trabalho na terça-feira (10) e iniciar as atividades nas escolas da rede municipal na quarta-feira (11). "Temos 5% de déficit de professor na rede, o que deve ser suprido com essa convocação", afirma Adelson Moura, secretário de educação do Cabo.
Com relação ao fardamento, ele deverá ser entregue aos estudantes em até três meses, segundo o secretário. "Iniciamos o ano entregando o material escolar, que foi recebido por todas as escolas da rede, mas estamos em processo de licitação para a compra de fardamento. O prazo é de 90 dias para que as fardas sejam entregues aos alunos", pontua.
Para resolver a situação do mato alto no entorno da escola, a Secretaria de Limpeza Urbana do Cabo de Santo Agostinho garantiu que realizará um mutirão nos próximos dias para limpar a área. Sobre os buracos e a lama na frente da escola, a Secretaria Municipal de Serviços Públicos informou que uma operação tapa-buracos está em execução no bairro.
G1