Informações truncadas e incertezas. Essa é a nova atmosfera que paira sobre o Programa Mais Médicos, que completa três anos em 2016. Em xeque a continuidade da presença de profissionais cubanos que chegaram ao Brasil após um termo de cooperação com a Organização Pan Americana de Saúde (Opas). A participação desses estrangeiros é de 73% dos médicos em atuação hoje no programa. As novas polêmicas envolvem a presidenta licenciada, Dilma Rousseff, que dias antes do afastamento apresentou uma Medida Provisória que permite a prorrogação do programa por mais três anos, inclusive do pacto com a OPAS. Dias depois, o novo ministro da Saúde, Ricardo Barros, declarou que deve diminuir a participação dos cubanos na saúde nacional, ainda neste ano, e fazer uma revisão do projeto.
As novas interrogações sobre o futuro do Mais Médicos já têm deixado muitos usuários da atenção básica do SUS em alerta. Todos saem em defesa dos estrangeiros quando perguntados sobre a possível saída deles dos postos de saúde. “Isso é um absurdo. Ele é o único médico que chegou por aqui e que nos atende feito gente. Tem boa vontade. Agora querem tirar? Não pode”, reclamou a dona de casa Zenira Nunes, 42 anos, moradora da comunidade Chico Mendes, em Areias, no Recife. Josefa Maria dos Santos, 58, também moradora da área, defende a permanência dos cubanos. “Os médicos brasileiros que vieram para o nosso posto não faziam nada por nós. Se nosso médico for embora isso aqui vai virar um caos”, disse.
Ambas descrevem a atuação do cubano Arnolis Hernandez, 42, como fundamental para a comunidade. O doutor é disputado por quem busca atendimento em um posto bem cheio. “Acho que minha vida vai continuar aqui”, avaliou o médico estrangeiro. Há três anos no País, já fez trabalhos conveniados na Venezuela, onde passou sete anos, e seis meses no Paquistão. No Recife, conheceu a esposa com quem se casou há um ano. Arnolis Hernandez pretende fazer a revalidação do diploma estrangeiro em outubro, forma que terá de permanecer atuando no Brasil como médico sem exigência do convênio com a Opas.
A Capital aderiu ao Mais Médicos em 2013 e hoje conta com 19 cooperados cubanos, além de cinco intercambistas. A Prefeitura da Cidade preferiu não comentar por enquanto as declarações do Governo Federal sobre possíveis mudanças no projeto. Em Caruaru, a diretora da Atenção Básica do Município, Edilene de Castro, indicou que o momento é de apreensão. O município tem 19 cubanos conveniados. “O primeiro ciclo completa os três anos em agosto e, até agora, não sabemos o que vai acontecer.”
Ela explicou que, em Caruaru, a faculdade de medicina foi recentemente criada e não está nem na metade do tempo para concluir a formação dos médicos locais.
Folha PE