O Vaticano anunciou neste sábado (7) a detenção, em seu território, do monsenhor Carlo Alberto Capella, que atuou como assessor da embaixada da Santa Sé em Washington, suspeito de ter consultado imagens de pornografia infantil. O religioso, que até o ano passado trabalhou na nunciatura (embaixada) da capital americana, foi convocado em setembro passado pelo Vaticano, que anunciou uma investigação sobre o caso.
As autoridades judiciais vaticanas emitiram uma ordem de prisão, realizada pela própria Gendarmeria do pequeno Estado, informou o comunicado oficial, acrescentando que Capella foi levado para uma cela do quartel dessa corporação. Por via diplomática, o Departamento de Estado americano alertou o Vaticano, em 21 de agosto, sobre uma possível violação das leis sobre imagens de pornografia infantil por parte de um membro de seu corpo diplomático em Washington.
A Santa Sé convocou o religioso para consultas, mas sem atender à demanda americana de suspensão da imunidade diplomática, indicou uma fonte do Departamento de Estado. "Os Estados Unidos estimulam a Santa Sé a agir de forma que sua política de proteção dos menores seja aplicada totalmente, e que se faça justiça sobre essas acusações", indicou essa fonte.
As informações fornecidas pelos Estados Unidos foram transmitidas ao procurador do tribunal do Vaticano, que abriu uma investigação e precisou de colaboração internacional para obter elementos sobre o caso.
Ordem de detenção no Canadá
No ano passado, o Canadá emitiu um mandado de prisão contra Capella por consulta, posse e distribuição de pornografia infantil. No final de dezembro de 2016, ele teria baixado material pornográfico infantil do interior de uma igreja, na cidade de Windsor (Ontário).
Esse núncio polonês acusado de pedofilia estava instalado na República Dominicana, quando foi convocado de forma urgente pelo Vaticano, após informações na imprensa, acusando-o de ter mantido relações sexuais remuneradas com menores.
O Vaticano se recusou a extraditá-lo para a Polônia.
Foi julgado e sentenciado em 2014 pela Congregação para a Doutrina da Fé, que o destituiu de seus hábitos, a pena máxima para um prelado. O papa Francisco também havia ordenado um julgamento criminal por abuso sexual de menores, uma decisão histórica no Vaticano. O religioso foi detido e mandado para casa. Faleceu aos 67 anos, em agosto de 2015, pouco antes o início do julgamento.
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