O DNA pode ser comparado a uma impressão digital, por exemplo, e está presente nas células da pele, da raiz do cabelo, dos ossos, do sêmen, da saliva, dos músculos. Como o material genético nunca muda, serve para identificar uma pessoa e está ajudando a polícia e a Justiça a solucionar crimes no estado.
Desde 2012, uma lei federal permite que os peritos coletem material genético nos locais de crime e dos presos condenados pela Justiça. Esse material compõe um banco nacional de dados de DNA, com informações que podem servir para elucidar os crimes investigados pela polícia.
Em Pernambuco, o Laboratório de Genética Forense da Polícia Científica, onde são feitas as análises de DNA usadas nas investigações, já contribuiu para o esclarecimento de pelo menos dois crimes, desde 2017, quando começou a coleta para o banco de dados.
Em um deles, um detento da Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá, no Grande Recife, foi beneficiado com uma saída temporária e não voltou para a prisão. Fora da cadeia, ele estuprou uma mulher. Segundo a chefe da Polícia Científica, Sandra Santos, foi o DNA que ajudou a polícia a encontrá-lo.
“A vítima deu queixa e foi encaminhada ao Instituto de Medicina Legal, onde foram feitas as coletas necessárias para traçar o perfil do criminoso. O vestígio que foi coletado na vítima foi inserido no banco de dados e logo apontou quem era o indivíduo que tinha cometido o crime, porque ele já fazia parte da Barreto Campelo", disse a gestora.
A Penitenciária Barreto Campelo foi a primeira penitenciária a coletar os perfis e as amostras genéticas dos condenados. O homem foi identificado, preso e cumpre pena pelo crime.
“A gente tem que ter certeza que esse DNA é de uma fonte única, então não pode ter misturas. Tem que haver muito cuidado na hora da coleta, para que não tenha material genético do coletador nem material genético que esteja no ambiente”, afirmou.
O banco de informações de DNA do Brasil usa as mesmas tecnologias usadas pela Polícia Federal Americana (FBI), consideradas as mais modernas do mundo. Para funcionar, ele precisa ser alimentado por equipes policiais de todos os estados brasileiros e pela Polícia Federal.
Apesar disso, de acordo com a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais, apenas 2% dos perfis genéticos de criminosos que deveriam estar no sistema foram cadastrados. Pernambuco foi o estado que mais cadastrou as informações dos presidiários condenados desde que o banco de dados começou a funcionar.
Ainda segundo o perito, esse tipo de tecnologia permite a investigação de provas quase incontestáveis durante os processos.
"Esse tipo de coleta e esse banco de dados contribuem muito com a Justiça. Eles tanto podem associar um vestígio a um autor de um crime como comprovar que um determinado suspeito não é o autor daquele crime, evitando punir indevidamente alguém”, explicou Carlos Souza.
G1