Publicada em 10/03/2023 às 11h23.
Esse risco foi maior quando comparado com pacientes que apresentaram um resultado negativo para a doença no mesmo período.
Imagem meramente ilustrativa / Reprodução: Notícias ao Minuto.
Pessoas que tiveram Covid têm risco elevado de apresentar
dores no peito de seis meses até um ano após o quadro agudo da doença, aponta
um novo estudo realizado nos EUA e divulgado neste domingo (5).
Esse risco foi maior quando comparado com pacientes que apresentaram um
resultado negativo para a doença no mesmo período.
Os dados incluíram atendimentos hospitalares de quase 150 mil pessoas no Centro
Intermountain de Saúde, em Salt Lake City, nos Estados Unidos.
Outros sintomas cardiovasculares reportados após a
infecção não tiveram diferença entre aqueles com infecção prévia ou negativos
para Covid.
Para avaliar se há associação de quadro de Covid com o aparecimento de sintomas
como dores no peito após a infecção, os pesquisadores avaliaram três grupos
distintos de pacientes: o primeiro incluía pessoas com 18 anos ou mais que
tiveram diagnóstico positivo para Covid de março de 2020 a 31 dezembro de 2021;
o segundo era formado por pessoas na mesma faixa etária e período com
diagnóstico negativo para o coronavírus; por fim, o terceiro grupo era para
controle histórico e consistia em pessoas que procuraram atendimento médico
para sintomas cardiovasculares de 1 de janeiro de 2018 a 31 e agosto de 2019.
Os três grupos tinham um número igual de pacientes (148.158) e foram ajustados
para sexo, idade e condições prévias de saúde dos pacientes.
De acordo com o estudo, a razão de risco multivariada (hazard ratio em inglês,
que é a comparação do risco de duas variáveis distintas, no caso diagnóstico
negativo ou positivo para Covid ou histórico de sintomas cardiovasculares) nos
pacientes que tiveram Covid para dores no peito foi de 23%, seis meses após a
infecção, e de 19% até um ano, comparado com os que não tiveram infecção
prévia.
Esse risco era três vezes maior quando comparado ao grupo controle: 59% de seis
meses a um ano após a infecção.
Os autores do estudo afirmam que os sintomas pós-Covid podem persistir por
bastante tempo depois do fim da infecção aguda e que é preciso monitorar
eventuais sequelas cardiovasculares.
"Embora não tenhamos encontrado muitos eventos como ataque cardíaco ou
derrames nos pacientes que tiveram um quadro leve a moderado de Covid, dores no
peito foi um sintoma recorrente reportado por eles e que persiste até um ano
após a infecção, o que pode significar problemas cardiovasculares
futuros", disse a cardiologista epidemiologista do Instituto do Coração
Intermountain e autora principal do estudo, Heidi May.
Para ela, é importante que os pacientes que tiveram sequelas pós-Covid
necessitarem de investigação constante. "Não sabemos se essa frequência
aumentada de dores no peito se manifestarão subsequentemente em um resultado ou
evento cardiovascular, como infarto do miocárdio", afirmou.
Diversos estudos já mostraram que as sequelas deixadas até mesmo por infecções
leves do coronavírus podem persistir por até um ano. Muitos dos pacientes
conseguem a resolução dos sintomas, mas os médicos ainda buscam investigar
todos os chamados efeitos da Covid longa.
Em 2022, pesquisadores listaram os sintomas mais comuns da Covid longa e quais
as suas possíveis implicações. Entre os mais frequentes estão aqueles
associados a problemas neurológicos (perda de olfato, perda de paladar,
esquecimento, confusão, dificuldade de concentração, problemas de sono, queda
de cabelo) e relacionados ao sistema pulmonar (falta de ar, dificuldade para
respirar, tosse comprida).
Há ainda relatos de efeitos cardiológicos da Covid longa, especialmente em
crianças que apresentaram a chamada SIM-P (síndrome infalamtória
multissistêmica pediátrica). Um estudo apontou que as sequelas da Covid podem vir
em adultos e até bebês, enquanto outro mostrou que não há diferenciação se o
quadro inicial da doença foi leve ou mais grave para o surgimento dos sintomas.
A pesquisadora reforça que as vacinas contra Covid ajudam a proteger os efeitos
a longo prazo da Covid.
"Pode ser que os efeitos da infecção por Sars-CoV-2 no sistema
cardiovascular sejam difíceis de mensurar em termos de diagnóstico ou outros
eventos no curto prazo se não for feito um acompanhamento, mas sabemos por meio
de estudos que a vacinação ajuda a prevenir Covid longa", conclui a
pesquisadora.
FONTE: NOTÍCIAS AO MINUTO.
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