Publicada em 11/07/2024 às 10h13.
Febre do Oropouche: SES-PE investiga se há relação da doença com morte de feto no Estado
Caso, que aconteceu em Rio Formoso, é inédito na literatura científica e está sendo debatido com especialistas

Imagem meramente ilustrativa / Foto: Divulgação.   


 Exames laboratoriais detectaram a presença do vírus da febre do Oropouche em um feto que morreu com 30 semanas de gestação, na cidade de Rio Formoso, na Zona da Mata Sul de Pernambuco. O caso é inédito na literatura científica e está sendo investigado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) e outras autoridades.


Segundo a SES-PE, não há nenhum registro de óbito fetal ou abortamento em decorrência da febre, transmitida principalmente pelo mosquito maruim e pela muriçoca, e que tem sintomas parecidos aos da dengue e chikungunya. 


A mãe apresentava sintomas para arbovirose e era contato de um dos casos positivos da febre do Oropouche em Rio Formoso. Até o momento, o Estado contabiliza 13 casos da doença.

 

Após a notificação feito pela Secretaria de Saúde do município, a SES-PE conduziu a coleta de materiais biológicos para exames relativos à febre do Oropouche, tanto da mãe quanto do feto.


As amostras da mãe que foram analisadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen/PE) apresentaram resultados positivos para dengue e chikungunya, segundo a SES-PE.


O material coletado do feto foi encaminhado ao Instituto Evandro Chagas, de Belém do Pará, que é referência nacional no estudo de arboviroses.


O resultado positivo para febre do Oropouche no feto foi confirmado na última sexta-feira (5). O caso continua sob investigação e une representantes do Ministério da Saúde, Fiocruz, Instituto Evandro Chagas e o município de Rio Formoso. Outros exames laboratoriais serão feitos. 

 

A mãe, no entanto, não teve sangue coletado em tempo oportuno para uma possível identificação da febre do Oropouche. 



Mosquitos são os transmissores da febre Oropouche / Foto: Sesab.  


 Investigação


Como este é o primeiro caso de perda gestacional passível de descrição na literatura científica, a conclusão requer um conjunto investigativo "bem analisado e descrito", segundo a SES-PE. Por isso, todo o processo de investigação epidemiológica está sendo realizado com especialistas.

 

"Ainda não conseguimos atribuir se esse óbito fetal foi em decorrência da infecção pelo Oropouche. A gente vem acompanhando, somos um Estado que tem histórico da infecção pelo Zika vírus, então isso coloca uma sensibilidade maior em relação a arboviroses em gestantes", detalha o secretário-executivo de Vigilância em Saúde e Atenção Primária, Bruno Ishigami.

 

O trabalho conjunto entre SES-PE, Ministério da Saúde e demais autoridades, portanto, busca elucidar a causa da morte do feto.


"Estamos tentando estabelecer um nexo causal se a morte fetal ocorreu em decorrência da Oropouche", completa o infectologista, reforçando as orientações sobre os cuidados com o mosquito, uso de repelente e outros.


Oropouche em Pernambuco


Até o momento, Pernambuco contabiliza 13 casos da febre do Oropouche confirmados laboratorialmente em três Regionais de Saúde. 

 

A III Geres, na Mata Sul, conta com casos nos municípios de Rio Formoso (3), Maraial (1), Jaqueira (1) e Catende (1). 


Na I Regional, na Região Metropolitana do Recife, mais 6 casos: dois em Jaboatão dos Guararapes, dois em Moreno, um em Camaragibe e um na Ilha de Itamaracá. Já a XII Geres, na Mata Norte, apresenta um caso em Timbaúba.


A Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco afirma continuar vigilante e orientando os municípios, junto às Regionais de Saúde, no sentido de proteger a população.


Febre do Oropouche


Apesar de ter sido identificada pela primeira vez no norte do país no ano de 1960 e ter apresentado diversos períodos de epidemia na faixa amazônica, até o momento a literatura científica não apresenta casos de óbito ou perda gestacional pela febre do Oropouche.


Causada por um arbovírus, diferente da dengue, zika e chikungunya, seu vetor não é o Aedes aegypti e sim o maruim (culicoide) e a muriçoca (culicídeo).

 

Em termos de enfrentamento vetorial, esse fato apresenta uma dificuldade maior para a saúde pública. Mais afeitos a água com muito material orgânico, tanto o maruim quanto a muriçoca usam de mangues, alagados, várzeas, água acumulada em área com muitas folhas caídas, cultivo de bananeiras, além de área com esgoto a céu aberto, coleta de lixo ineficiente ou terrenos baldios.


Em função disso, é preciso haver um cuidado maior no sentido de evitar a exposição a picadas. O uso de roupas que protejam a pele de exposição, sobretudo nos horários de penumbra (ao amanhecer e ao anoitecer), quando os vetores se mostram mais ativos. 


Além disso, o uso de repelentes adequados e o cuidado com o acúmulo de lixo, também ajudam a evitar o contato com os insetos. Reforçamos ainda que não há enfrentamento vetorial químico possível, uma vez que fumacê e aplicação local de larvicidas e adulticidas não são efetivos.




FONTE: FOLHA PE.













 

 

 

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