Uma operação do Ministério do Trabalho e Emprego, realizada entre 19 de julho e 28 de agosto, resultou no resgate de 91 trabalhadores em condições semelhantes à escravidão em Pernambuco. Dentre eles, 73 atuavam na construção de condomínios de luxo nas praias de Porto de Galinhas, Muro Alto, em Ipojuca, e Carneiros, em Tamandaré, no Litoral Sul do estado. Os trabalhadores viviam em alojamentos precários, com colchões no chão, sem lençóis e paredes com infiltrações. Em alguns locais, faltavam água e banheiros. Ao menos 52 desses trabalhadores não tinham registro formal de trabalho.
A operação foi motivada por monitoramentos e denúncias. As empresas autuadas foram convocadas pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) para firmar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) e, em caso de descumprimento, poderão ser multadas.
Além das obras no Litoral Sul, resgates ocorreram em sete locais diferentes, incluindo uma clínica de reabilitação para dependentes químicos na Grande Recife, onde 18 pessoas foram encontradas em condições de trabalho degradantes. Segundo Paulo Dantas, auditor fiscal do trabalho, os internos executavam serviços como vigilância e preparo de alimentos sem direito a pausas adequadas.
Em todo o país, o Ministério do Trabalho resgatou cerca de 593 pessoas em 15 estados. Em Pernambuco, 11 empresas e oito alojamentos foram inspecionados, com apoio do MPT, do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Os trabalhadores resgatados no estado devem receber aproximadamente R$ 693 mil em verbas rescisórias, resultado de 166 autos de infração. As investigações continuam e os nomes das empresas envolvidas não foram divulgados.