Ex-presidente Jair Bolsonaro / Foto: Divulgação.
O ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a negar participação em discussões sobre um plano golpista no final de seu mandato, após ter sido indiciado pela Polícia Federal pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, abolição do Estado democrático de direito e organização criminosa. Bolsonaro afirmou que nunca discutiu ações contrárias à Constituição e que considera a investigação parte de uma "perseguição política".
— Nunca debati golpe com ninguém. Se alguém viesse falar de golpe comigo, eu perguntaria: "E o day after? Como ficamos perante o mundo?". A palavra golpe nunca esteve no meu dicionário. Jamais faria algo fora das quatro linhas da Constituição — declarou ao retornar a Brasília após viagem a Alagoas.
Apesar de negar as acusações,
Bolsonaro reconheceu a possibilidade de ser preso em decorrência das
investigações. Na última semana, a Polícia Federal prendeu quatro generais e um
agente suspeitos de envolvimento no caso.
— Eu posso ser preso agora, ao
sair daqui (do aeroporto) — afirmou.
Reuniões e indícios citados
pela investigação
Um dos principais pontos da
investigação é o relato de um encontro em dezembro de 2022, no qual Bolsonaro e
comandantes das Forças Armadas discutiram ações que poderiam culminar em um
golpe de Estado. Segundo o ex-comandante do Exército Freire Gomes, o então
presidente mencionou a possibilidade de usar mecanismos como Garantia da Lei e
da Ordem (GLO), Estado de Defesa e Estado de Sítio para impedir a posse de Luiz
Inácio Lula da Silva.
Outro elemento investigado é
uma reunião de julho de 2022 no Palácio do Planalto, onde Bolsonaro teria
incitado ações para evitar que a esquerda vencesse as eleições. Na ocasião, ele
afirmou que, caso o governo reagisse após o pleito, o país entraria em caos.
PL da Anistia e defesa pública
Bolsonaro também comentou
sobre o PL da Anistia, que pode beneficiar condenados pelos atos
antidemocráticos de 8 de janeiro. Ele acredita que a proposta avançará ainda
este ano em uma comissão especial da Câmara dos Deputados.
Em suas redes sociais, o
ex-presidente defendeu que os atos investigados não configuram crimes penais,
mas poderiam ser enquadrados como ilícitos administrativos ou funcionais.
A defesa de Bolsonaro reforçou que ele jamais compactuou com movimentos antidemocráticos e classificou as acusações como infundadas. Enquanto isso, a investigação segue em curso, com novos depoimentos e análises de provas.
FONTE: AGÊNCIA BRASIL.