O Ministério Público Eleitoral (MPE) pediu a cassação e inelegibilidade por oito anos do prefeito de Pesqueira, Cacique Marcos Xucuru (Republicanos) e da vice Cilene Martins (PT). Também foi solicitada a inelegibilidade do ex-prefeito Sebastião Leite da Silva Neto (Bal de Mimoso), e os três são acusados de praticar abuso de poder político e econômico durante as eleições municipais de 2024.
De acordo com o promotor Sérgio Roberto Almeida Feliciano, o asfaltamento da Avenida Ésio Araújo, iniciado pouco antes das eleições, foi realizado com o objetivo de criar um “fato político positivo de última hora para influenciar o eleitor”, contribuindo para eleição de Cacique Marcos e Cilene Martins. Ainda segundo o promotor, a pouca margem de diferença entre a chapa vencedora e a que ficou em segundo lugar mostra que intervenções do tipo potencializam a decisão do eleitor.
Um dia após a eleição, segundo o promotor Sérgio Roberto, as obras foram "abruptamente paralisadas", o que reforça que a intervenção "não integrava um planejamento regular de governo, mas sim uma estratégia eleitoral”.
Em resposta ao parecer, o prefeito de Pesqueira, Cacique Marcos Xukuru (Republicanos), e a vice, Cilene Martins (PT), afirmaram se tratar de uma "manifestação opinativa de primeiro grau". Eles também disseram que ainda não há uma decisão por parte da Justiça Eleitoral, e que a chapa permanece no exercício de suas funções com confiança na Justiça.
"Seguimos confiantes na Justiça e certos de que os fatos serão esclarecidos com serenidade e responsabilidade. A vontade do povo, manifestada de forma democrática nas urnas, será respeitada”, pontuara.
Já o ex-prefeito de Pesqueira, Sebastião Leite (Bal de Mimoso), afirmou ter convicção de que a ação eleitoral será julgada improcedente por se referir a uma obra que não foi promovida pela administração municipal durante seu mandato, não havendo conhecimento, participação ou divulgação prévia para que a obra fosse realizada. Hoje, Bal de Mimoso é assessor especial do Governo de Pernambuco.
Investigado por corrupção
O prefeito de Pesqueira, Cacique Marcos Xukuru (Republicanos), retornou ao cargo no último dia 3 de abril após cumprir a determinação da Justiça de afastamento por 30 dias. A medida foi tomada em meio a uma operação da Polícia Civil que investiga uma organização criminosa responsável por fraudes em licitações, corrupção e lavagem de dinheiro.
Marcos Xukuru foi denunciado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e tornou-se réu junto a outros 12 envolvidos, conforme decisão recente do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). De acordo com o TJPE, ele era secretário municipal durante o período investigado, mas atuava de fato como chefe do Poder Executivo e líder do grupo criminoso, organizando e dirigindo as ações ilegais.
As investigações da Polícia Civil apontam que entre janeiro de 2021 e setembro de 2022, ao menos 15 licitações públicas foram fraudadas, gerando prejuízos superiores a R$ 15 milhões aos cofres públicos. Durante o afastamento de Marcos Xukuru, a administração municipal ficou sob responsabilidade da vice-prefeita Cilene Martins (PT).