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Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) viram o interrogatório do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como "sem novidades" e "dentro do script". Para magistrados ouvidos pelo GLOBO, o antigo mandatário cumpriu um roteiro que já era esperado, sem apresentar novos elementos e buscando afastar as acusações que pesam contra ele.
A compreensão dos magistrados se estende também aos outros réus que foram interrogados ao longo desta terça e desta segunda-feira, em aproximadamente 15 horas de depoimentos. A avaliação nos bastidores do Supremo é que, como os réus podem deixar de falar a verdade, é esperado que não haja reviravoltas e que os relatos se concentrem na negativa dos fatos imputados.
A partir de agora, com o encerramento desta fase, os acusados podem se manifestar sobre eventuais novas diligências. Só então é que a ação poderá entrar na reta conclusiva, com as chamadas alegações finais — momento que antecede a realização do julgamento.
Em seu interrogatório, Bolsonaro disse que nunca endossou uma minuta que previa golpe de Estado e que não teria visto o documento, apenas “considerados”.
Ele negou ter debatido a prisão de autoridades e justificou a ausência na cerimônia de posse de Luiz Inácio Lula da Silva afirmando que evitaria “a maior vaia da história do Brasil”. Também reiterou críticas ao sistema eleitoral, afirmando ter “dúvidas” sobre o sistema das urnas eletrônicas.
Em março, a Primeira Turma aceitou uma denúncia feita pela República (PGR) e tornou réus Bolsonaro e outras sete pessoas acusadas de integrarem o núcleo crucial do planejamento da trama golpista. Após o recebimento da ação, testemunhas foram ouvidas nas últimas semanas. Entre elas, estiveram nomes como os ex-comandantes do Exército, o general Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior. Além deles, também falaram o vice-presidente da gestão Bolsonaro, o hoje senador Hamilton Mourão (Republicados-RS), e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
A expectativa no STF é que a ação esteja pronta para ser julgada no início do segundo semestre, e que a análise possa ocorrer entre os meses de setembro e outubro. Além de Alexandre de Moraes, participarão do julgamento os outros quatro integrantes da Primeira Turma, os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia. Eles decidirão pela condenação ou absolvição dos réus.
FONTE: FOLHA PE.