Publicada em 27/06/2016 às 16h11.
Sinpol apresenta documento com ordem para perícia não feita
Sindicato entregou papel assinado pela delegada Gleide Ângelo. Categoria cobra transparência na apuração da morte de empresário.

Um documento assinado pela delegada Gleide Ângelo que autoriza a realização de uma segunda perícia no motel Ti-ti-ti, em Olinda, no Grande Recife, onde foi achado o corpo de Paulo Cesar Barros Morato, na quarta-feira (22), é principal trunfo do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol). A entidade contesta o encaminhamento das investigações da morte do empresário, investigado pela Operação Turbulência, da Polícia Federal.


Nesta segunda-feira (27), a entidade cobrou da Secretaria de Defesa Social (SDS) mais transparência na apuração do caso. Um dia depois de o cadáver ser encontrado, a cúpula da polícia pernambucana assegurou, em coletiva de imprensa, que a titular da investigação não havia autorizado o procedimento complementar, que seria feita na quinta-feira (23).


A Secretaria de Defesa Social informou, por meio da assessoria de comunicação social, que só vai se pronunciar em uma entrevista coletiva marcada para as 14h30 desta segunda-feira.


A comitiva que foi até a SDS, na área central do Recife, era formada por quatro pessoas do Sinpol e do Sindicato dos Peritos Papiloscopistas. O documento foi uma das peças entregues aos assessores do secretário Alessandro Carvalho. 


"A delegada de Olinda fez o ofício solicitando a perícia papiloscópica no quarto do motel, mas não foi feito. A gente está aqui para saber por que não foi feita a perícia, os peritos foram impedidos de realizar suas atribuições no local", comentou o presidente do sindicato, Aureo Cisneiros.


Ainda segundo Cisneiros, a ordem para barrar a perícia que colheria digitais e outros detalhes teria partido da gestora da Polícia Científica, Sandra Santos. O fato causou "estranheza" para a categoria dos peritos já que o procedimento é considero padrão. "A delegada cumpriu o procedimento padrão, mas a gestora ordenou a não feitura da perícia. Isso é o que vamos questionar ao secretário Alessandro Carvalho", acrescentou.


A comitiva do Sinpol saiu da sala do chefe de gabinete com uma promessa de reunião com o secretário. Porém, sem data marcada. Eles foram também ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e à Chefia de Polícia.


De acordo com o inquérito da Operação Turbulência, empresas de fachada movimentaram mais de R$ 600 milhões e financiaram a campanha do ex-governador Eduardo Campos em 2010 e a compra do avião que o transportou durante sua campanha presidencial em 2014.


O presidente do Sindicato dos Peritos Papiloscópistas, Carlos Eduardo Maia, detalhou o que aconteceu no dia que a perícia seria feita. Assim que a equipe chegou lá [no motel], recebeu uma ligação da gerente da unidade criminal, Ivoneide Constantino, que informou que a gestora da Polícia Científica, Sandra Santos, tinha suspenso a perícia no local. A informação que foi passada é que ela queria concluir o caso o quanto antes", relatou.


Para o presidente do Sindicato dos Peritos Papiloscópistas, Carlos Eduardo Maia, a perícia é fundamental para a solução de um caso, ainda mais esse que envolve esquema de desvio e lavagem de dinheiro público.


"É nessa perícia que a gente colhe as digitais e faz as ligações dos suspeitos. O problema que a gente nem sabe se o local ainda está isolado. Se já liberaram a suíte não adianta mais nada porque todas as provas foram apagadas", ao dizer que se o local ainda não foi liberado, mas violando sem conhecimento da delegada, é crime.


Questionamento
O Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol) deflagrou, nesta segunda, uma série de ações para exigir autonomia de investigação no caso da morte do empresário Paulo César de Barros Morato.  “Estamos começando uma cruzada pela transparência no caso. Acreditamos na Polícia Civil e temos a certeza de que se deixarem a gente investigar, a polícia pernambucana vai elucidar essa morte, seja ela crime ou não”, afirmou Cisneiros.


A decisão de deflagrar essas ações começou a partir de denúncias de supostas ingerências na investigação. De acordo com o Sinpol, peritos papiloscopistas foram impedidos de realizar a coleta de digitais dentro do quarto da vítima. O fato causou "estranheza" à categoria.


A ordem para barrar a perícia, considerada padrão, teria partido do secretário de Defesa Social (SDS), Alessandro Carvalho. “Foi o que a categoria nos passou. Essa investigação está fora do padrão. Os peritos chegaram para fazer a coleta de digitais e outros detalhes, mas receberam uma ordem para nem entrar no quarto. Vamos pedir ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) que apure essa conduta da investigação da morte dele”, contou Cisneiros.

Explicações
Em coletiva na SDS na quinta-feira (23) o secretário em exercício de Defesa Social, Alexandre Lucena, tentou explicar a polêmica. A perícia complementar no motel chegou a ser anunciada, mas não autorizada. De acordo com a pasta, a delegada responsável pelo caso, Gleide Ângelo, não teria colocado em seu relatório a necessidade de continuar a isolar o local. Esse fato será alvo de apuração administrativa.


Nota de repúdio
Com o título “Pelo fim das intromissões políticas na polícia que investiga os crimes”, o sindicato chegou a postar uma nota de repúdio em sua página no Facebook na sexta-feira (24). No texto, a categoria coloca em dúvida a imparcialidade das investigações em torno da morte do empresário.


“Diante dos fatos, uma pergunta ecoa firmemente: a quem interessa uma frágil investigação desse crime? Causaria profunda estranheza o impedimento da perícia técnica na cena de qualquer crime. Mas inegavelmente esse caso envolve elementos pouco comuns e de amplo impacto na sociedade. São muitas questões graves que envolvem o episódio, sobretudo por se tratar de uma testemunha que aparece misteriosamente morta, pouco depois de ter sua prisão preventiva decretada.”, diz a nota.


O texto ainda relembra o importante papel dos peritos papiloscopistas na solução de outros casos delicados como o do médico Arthut Azevedo e levanta a questão de onde, realmente, teria surgido a ordem de interpelar o procedimento no motel.


“Tal ingerência, supostamente perpetrada pelo Secretário de Defesa Social e pela Gestora da Polícia Científica, que estão sob o comando do Governador Paulo Câmara, é inadmissível em um estado democrático de direito e deve ser combatida com o total rigor, tanto contra os emissários quanto aos mandatários desse verdadeiro crime contra a democracia e a justiça (...). Beiramos o fascismo, ou qualquer outro regime ditatorial, quando o Estado se ‘auto sabota’ para atender interesses políticos e particulares, favorecendo a corrupção e a ocultação de graves crimes”.

 

 

 

G1


 

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