Publicada em 28/06/2016 às 08h25.
Polícia Federal vai investigar material encontrado com Morato
Agentes federais receberam da Polícia Civil 8 pen-drives e 3 celulares. Paulo Cesar Barros Morato era um dos alvos da Operação Turbulência.

A Polícia Federal em Pernambuco (PF) vai começar a análise do material achado com o empresário Paulo Cesar Barros Moratoalvo de Operação Turbulência e encontrado morto no Motel Ti-ti-ti, em Olinda, no Grande Recife, na quarta-feira (22).  A Polícia Civil de Pernambuco entregou aos agentes federais, na segunda-feira (27), cadernos de anotações, envelopes de depósitos bancários, oito pen-drives, três celulares, chaves de imóveis, óculos, relógios, além de  produtos de higiene pessoal.


A PF aguarda ainda o repasse do veículo usado por ele, um Jeep Renegade. O primeiro passo dos federais será realizar uma triagem desse material. A ideia é concentrar os esforços na avaliação dos aparelhos de mídias e eletrônicos (pendrives, anotações e telefones celulares). Todo o restante será devolvido aos familiares de Morato.


Oficialmente, a PF informa que acompanhará as investigações que estão sendo feitas pela Polícia Civil de Pernambuco. Aguardará as conclusões das perícias que tentarão apontar as causas da morte do empresário.  A PF admite que poderá entrar nas investigações, caso alguma circunstância aponte vínculos ou tenha ligação com os fatos que estão sendo apurados pela operação Turbulência.


Turbulência


A Operação Turbulência foi desencadeada na terça-feira (21). Tem  como alvo empresas envolvidas na compra do avião usado pelo ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), no dia da tragédia de Santos (SP), em agosto de 2014, que matou a comitiva do presidenciável. 


A Turublência investiga, ainda, ligações com o equema nvestigado pela Operação Lava Jato.


Há a suspeita de que parte do dinheiro movimentado serviu para pagar propina e formar "caixa dois" de empreiteiras. A PF prendeu quatro empresários de Pernambuco e acredita que as empresas, muitas de fachada, teriam movimentado R$ 600 milhões.


Polêmica


A investigação da morte de Morato está repleta de polêmicas. Na segunda-feira, as polícias civil, federal e científica descartaram a possibilidade de interferências externas ou de falhas na perícia do quarto onde o empresário foi achado. Durante a manhã desta segunda, o Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol) cobrou transparências nas investigações alegando que o trabalho dos peritos não foi realizado como deveria.


Em coletiva de imprensa na sede da Secretaria de Defesa Social, o secretário em exercício de Defesa Social, Alexandre Lucena, garantiu que não houve falha na perícia, e sim de comunicação quanto à realização de uma perícia complementar no dia seguinte à morte do empresário.


Também participaram da coletiva o chefe da Polícia Civil, Antonio Barros; a delegada responsável pela investigação da morte do empresário, Gleide Ângelo; o superintendente da PF, Marcello Diniz;a gestora da Polícia Científica, Sandra Santos; o perito papiloscopista Lauro Macena; e a perita criminal Vanja Coelho.


“O perito papiloscopista entendeu que poderiam ser feitas mais perícias e, sem comunicar à Gleide e à Vanja, deixou um documento para os peritos de plantão do dia seguinte, que entenderam que deveriam ir até o local para fazer as perícias complementares. Houve um ruído na comunicação: o perito não se expressou direito. Mas não houve uma falha da investigação: todas as perícias possíveis foram efetuadas. A perícia complementar, segundo a própria delegada que coordena a investigação, não seria necessária e é ela que coordena a investigação, e não seus auxiliares”, afirmou Alexandre Lucena.

Lauro Macena, o perito papiloscopista que preencheu o documento solicitando continuidade da perícia no dia seguinte, revelou que avisou verbalmente à delegada Gleide Ângelo sobre tal necessidade.

“É um procedimento de praxe quando se tem um local amplo com muitos objetos, mas a autorização para a perícia é dada pela presidente do inquérito, a delegada. Comuniquei verbalmente, mas quem toma a decisão e pede a necessidade da perícia é ela. O local estava muito tumultuado, talvez eu tenha pensado que ela entendeu, mas ela não entendeu. Houve uma falha de comunicação, pois os peritos só poderiam ir com a autorização da delegada”, afirmou.


Para evitar que o erro se repita em novas investigações, será realizado um alinhamento dos procedimentos dos peritos. “Nós vamos nos reunir com a Polícia Científica e o Instituto Tavares Buril para nunca mais acontecer esse tipo de falha de comunicação, pois agimos com toda imparcialidade e isenção que poderíamos agir. É preciso ter um alinhamento sim, mas isso não quer dizer que a SDS ou o Governo do Estado tentou acobertar algo. É um absurdo falar em acobertamento de queima de arquivo”, complementou o secretário em exercício.

O representante da Polícia Federal presente na coletiva, o superintendente Marcello Diniz,  afirmou que a Operação Truculência vai continuar independentemente do resultado da investigação da morte do empresário. “Se foi morte natural, suicídio, ou homicídio, nós confiamos no trabalho da Polícia Civil no comando dessa investigação. As polícias civis e científicas são instituições sérias e não existe motivo para que haja qualquer tipo de desconfiança nesse sentido”, afirmou na Diniz, que confirmou que a PF recebeu os oito pen-drives e os celulares que estavam com o empresário e está analisando o material.

Documentos
Também presente na coletiva, a delegada Gleide Ângelo explicou que o documento apresentado pelo Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol) como uma prova de que foi autorizada uma segunda perícia no motel em Olinda se refere, na verdade, ao procedimento realizado na noite em que o corpo do empresário foi encontrado, mas apresenta a data do dia 23 de junho porque a autorização foi redigida durante a madrugada do dia seguinte.


“Fui para um homicídio em Cruz de Rebouças e o Boletim de Ocorrência foi feito apenas às 3h, quando eu também fiz o ofício para o Instituto de Criminalística e um para o Instituto Tavares Buril solicitando a perícia no local do crime que já tinha sido feita no dia 22. Não havia necessidade de novas perícias porque já tinha o que precisávamos, que eram os objetos que o morto pode ter pego, como copos e garrafa”, explicou a delegada.

De acordo com Gleide Ângelo, o fato de o local do fato estar violado inviabilizou a necessidade de novas perícias. “Várias pessoas entraram no quarto, como funcionários do motel, policiais e o pessoal do IML. Nem o corpo do morto eu vi, pois já estava dentro do saco. As perícias que nós precisávamos foram feitas e estão todas sendo concluídas. Estamos aguardando chegar a perícia do IML que define a causa morte, ela diz se foi infarto, envenenamento ou homicídio. No final da investigação, vamos divulgar tudo o que aconteceu naquela noite”, garantiu.

Federalização da investigação


A pressão para a celeridade nas investigações da morte de Paulo César Morato aumentou. Após o Sinpol informar que procurará o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), o deputado estadual Edilson Silva (PSOL) enviou uma representação à Procuradoria Geral da República (PGR) solicitando que as investigações do caso sejam assumidas pelo órgão em questão e pela Polícia Federal (PF).


Para argumentar o pedido, o parlamentar informa que o caso em questão é de um homicídio envolvendo organização criminosa e cita, ainda, uma "suposta ingerência política para atrapalhar as investigações da polícia estadual".


O Ministério Público Federal (MPF) em Pernambuco, órgão responsável pelo recebimento do documento no Estado, não confirmou ainda o recebimento da representação.


G1

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