Os pais de Zinael José de Souza, adolescente de 17 anos morto após ser torturado por policiais militares e obrigado a pular no Rio Capibaribe no Carnaval de 2006 receberão uma indenização no valor de R$ 350 mil. O juiz Mozart Valadares Pires, da 8ª Vara da Fazenda Pública da Comarca do Recife, condenou o Estado de Pernambuco que, segundo ele, “deve receber uma penalidade pecuniária proporcional ao dano que causou, apesar de ser incomensurável o valor da vida humana”.A decisão, tomada nesta quinta-feira, beneficia os pais da vítima, Zineide Maria de Souza e Israel Ferreira da Silva.
Três dos oito policiais militares acusados de obrigar 17 adolescentes a entrarem no Capibaribe, no carnaval de 2006, causando a morte de dois por afogamento, foram condenados ontem a 96 anos de reclusão. As condenações foram pelo homicídio triplamente qualificado de Diogo Rosendo, e nove tentativas de homicídios. Os meninos teriam sido confundidos com um grupo que praticava arrastões.
A Justiça determinou que Aldenes Carneiro da Silva, José Marcondi Evangelista e Ulisses Francisco da Silva cumpram a pena em regime inicialmente fechado na Penitenciária Professor Barreto Campelo, em Itamaracá. Mas não há previsão de quando eles serão presos porque o advogado dos três, José Siqueira, entrou com recurso após o juiz Ernesto Bezerra Cavalcanti terminar de ler a sentença.
Como todos estão em liberdade, permanecerão soltos até que a apelação seja julgada pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco. O quarto policial julgado por último foi absolvido. A Justiça entendeu que Irandi Antônio da Silva não participou dos espancamentos nem deu ordem para entrarem na água, pois estava na viatura. De acordo com o promotor André Rabelo, o PM estava a 300 m de onde tudo ocorreu.
Já o tenente Sebastião Antônio Félix, apontado como mentor do crime, foi julgado em julho deste ano e condenado a 150 anos e seis meses de prisão por homicídio qualificado e 11 tentativas de homicídios. Ele também aguarda o julgamento do recurso em liberdade e não foi afastado da polícia. Mais três PMs: Edvaldo Coelho Pereira Magalhães, Thiago Jackson Araújo e Weldes Felipe de Barros Silva ainda serão julgados, mas ainda sem data definida.
Para o advogado dos PMs, a justiça foi feita parcialmente. “Justiça seria se todos tivessem sido igualmente absolvidos. Nossa luta será pela anulação do júri porque todos cumpriam ordens”, afirmou José Siqueira. O promotor ressaltou que a sentença foi de acordo com as provas. Ele não acredita que o tribunal anulará a decisão. “Não houve dúvida nem discórdia entre os jurados. Ele acataram na totalidade as argumentações do MPPE. É apenas uma questão de tempo para confirmar a decisão”, disse Rabelo.
FONTE: DIARIO DE PERNAMBUCO