Um levantamento de riscos nas praias de Fernando de Noronha estará entre as medidas sugeridas pelo Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit) após o ataque sofrido pelo turista paranaense Márcio de Castro Palma, 32 anos, no último dia 21, na Baía do Sueste. A coleta de informações levará em conta não só a possibilidade de outros episódios envolvendo o predador, mas também a presença de correntezas, a ocorrência de declives e o perigo de afogamento. O trabalho, que contará com a participação do Corpo de Bombeiros e pode estar pronto até o fim de janeiro, deve resultar no reforço de medidas de segurança, sobretudo, as educativas, como a implantação de placas. Os detalhes serão divulgados amanhã, juntamente com o relatório sobre o caso, o 61° no litoral pernambucano desde 1992 e o primeiro na ilha. Vinte e quatro pessoas já morreram.
Conforme o presidente do Cemit, coronel Clóvis Ramalho, o mapeamento é o mesmo que está sendo feito em praias da Região Metropolitana do Recife, onde, até agora, tinham sido registrados todos os ataques no Estado. "Mas, como houve esse caso em Noronha, daremos prioridade", explica. O passo seguinte será a instalação das placas mais específicas sobre os riscos, seguindo padrões internacionais. "O que se observa é que há perigos inerentes ao próprio mar, como afogamentos, independentemente dos tubarões. Hoje, já há avisos. A ideia é reforçar, de forma mais específica. Vamos entregar essas orientações à administração da ilha com objetivo de que chegue a todas as praias", complementa Ramalho. Uma cartilha para os turistas também está em fase de elaboração. Não foi adiantado se recomendações para a adoção de medidas restritivas estarão no relatório. Até 5 de janeiro, Sueste segue aberta apenas das 10h às 15h. Já os mergulhos devem ser monitorados.
RELATÓRIO - No relatório que será divulgado amanhã, também deve ser apontada a espécie envolvida no ataque, com base em análises do ferimento da vítima, que segue internada, estável, num hospital particular do Recife. Márcio Palma, de 32 anos, perdeu a mão e parte do antebraço. A hipótese é de que tenha se tratado de um tubarão tigre. De hábitos migratórios, o animal tem ocorrência no litoral e em Fernando de Noronha. A esses espécimes são atribuídos os incidentes com a turista paulista Bruna Gobbi, 18 (Boa Viagem, Recife, julho de 2013), que não resistiu à gravidade do ataque, e Diego Gomes, 23 (Del Chifre, Olinda, abril de 2015), que sobreviveu. "Levaremos em conta a análise dos ferimentos e outras evidências", explica Ramalho, do Cemit.
FolhadePE