Quando em 2009 tivemos o desgosto de verRyan Reynolds (A Proposta) interpretando uma versão vergonhosa do mercenário Wade Wilson em X-Men Origens: Wolverine, nem o público e nem a própria FOX imaginavam que cenas testes do filme que foram “vazadas” na internet (muito conveniente), em 2014, levariam os fãs à loucura. Com um entusiasmo desses, a produtora não teve dúvidas de que valeria a pena fazer um longa-metragem de Deadpool, e então cá estamos.
É inegável que Deadpool (2016) é mais um filme de origem de super-herói e, assim como Homem-Formiga, mescla comédia e ação de forma bastante equilibrada. O que diferencia esse dois é que o humor em Deadpool é muito mais irreverente, politicamente incorreto e ácido. Mas isso já era de se esperar se tratando de Wade Wilson. Mesmo quem não está familiarizado com o personagem nos quadrinhos, nos últimos meses pôde acompanhar um pouco de sua personalidade através de teasers, trailers, promos e até mesmo nas redes sociais de Reynolds.
Ele é desbocado, e deixa isso bem claro para o público através da quebra da 4ª parede (no cinema é quando um personagem de filme olha para a câmera e conversa diretamente com o público), que acontece apenas quando temos Reynolds como Deadpool em cena e não como Wade Wilson.
1º quadro: versão de Deadpool em 2009. 2º quadro: Ryan Reynolds como Deadpool em 2016. 3º quadro: Deadpool nos quadrinhos. 4º quadro: Reynolds com o uniforme de Deadpool. Foto: Montagem.
Logo nos créditos de abertura vemos que o filme não se leva a sério, assim como seu protagonista. Durante o longa somos permeados por inúmeras piadas que fazem referências ao universo dos X-Mens, Wolverine, e às atuações de Reynolds como Lanterna Verde (2011) e Deadpool de X-Men Origens: Wolverine . Além de outras referências fora do universo dos quadrinhos.
A história é contada por nosso anti-herói através de vários flashbacks, fazendo a narrativa ir e vir no seu passado e presente. Dessa forma descobrimos quem era Wade Wilson e como ele se transformou em Deadpool. Ao mesmo tempo o acompanhamos em sua busca por Francis/Ajax (Ed Skrein), o responsável por sua transformação, e Angel Dust (Gina Carano).
Durante sua cruzada, Wade conta com a ajuda dos X-Men Colossus (Stefan Kapicic) e Míssil Adolescente Megassônico (gente que nome é esse?), interpretada por Brianna Hildebrand. É em um desses flashbacks que somos apresentados à Vanessa Carlylse (Morena Baccarin, a Dra. Leslie Thompkins de Gotham), prostituta por quem Wade se apaixona, conhecida nos quadrinhos como Copycat (temos um eater egg disso no filme). O amor entre os dois não é fofo e meigo, mas sim regado a loucuras e sexo. Bem… até que é bem “fofinho” o dois juntos.
Míssil Adolescente Megassônico, Deadpool e Colossus. Foto: Divulgação / 20th Century Fox
As cenas de luta são cheias de computação gráfica, até mais perceptíveis do que o esperado. Vale salientar que a batalha final deixa um pouco a desejar, muito barulho para nada, ou seja, não adianta quebrar e explodir tudo se as coregrafias das lutas não são tão incríveis. Uma parte disso talvez venha da escolha de Skrein que mais parece um modelo de comercial de perfume do que um sádico médico mutante.
À esquerda, Ajax dos quadrinhos; À direita Skrein. Foto: Montagem.
A adaptação da história dos quadrinhos para as telas foi enxugada. Nos quadrinhos Wade Wilson descobre ter câncer, deixa Vanessa e se junta ao Projeto Arma X (o grupo de mutantes do filme do Wolverine de 2009). Após matar um companheiro durante uma missão, Wade é mandado para o manicômio onde Ajax trabalha como assistente do Doutor Killebrew, que faz experiências com genes mutantes, e acaba transformando Wade em Deadpool. No filme o recrutamento de Wade para o Projete Arma X não o mostra fazendo as missões em nome do projeto, mas vai direto para ele como cobaia de Ajax. Talvez isso tenha sido deixado de fora exatamente por já ter sido o mote do filme da origem do Wolverine.
Para os fãs mais puristas dos quadrinhos, a adaptação pode não agradar por tirarem uma parte importante do passado de Wade (seus dias de mercenário no Projeto Arma X). Contudo, é inegável que Reynolds consegue incorporar Wade Wilson/Deadpool de maneira bastante original e fiel à personalidade do personagem. E com essa vasta expansão das HQs para os cinemas, é maravilhoso ver que um (anti) herói como este tenha seu próprio filme (sujeito a franquia). Por isso vale a pena conferir.
Dirigido por Tim Miller (Scott Pilgrim Contra o Mundo) e roteirizado por Rob Liefeld, Fabian Nicieza, Rhett Reese, e Paul Wernic, Deadpool estreia dia 11 de Fevereiro nos cinemas. E antes que me esqueça, não saia correndo da sala do cinema quando o filme acabar, pois TEM CENA PÓS CRÉDITO!
FONTE: NE10