Em 2015, Lyoto Machida teve, profissionalmente, um ano para ser esquecido. Duas derrotas - uma por finalização e outra por nocaute - fizeram o "Dragão" passar em branco. A possibilidade de desenhar um 2016 melhor começará no dia 16 de abril, quando volta ao octógono para enfrentar Dan Henderson, no UFC Tampa, na Flórida. O adversário tem nome, mas não atravessa boa fase - o que não quer dizer que seja um desafio mais fácil para o carateca.
Respeitoso, Lyoto não se deixa levar pela irregularidade do americano, de 45 anos, que venceu apenas três das nove lutas que fez desde que retornou ao Ultimate, há cinco anos. O ex-campeão sabe do poder de nocaute do adversário e, em entrevista exclusiva ao Combate.com, prega seriedade.
- Ele é um cara duro, que anos atrás ia lutar contra o Jon Jones, vinha de grandes lutas. A carreira do Dan Henderson fala por si só, então não posso subestimá-lo - declarou o brasileiro, que bateu Hendo no UFC 157, em 2013, por pontos.
Lyoto não atua desde junho do ano passado, quando perdeu por nocaute para Luke Rockhold, que viria a se tornar o campeão do peso-médio meses depois. Hendo também não guarda boas recordações de sua última apresentação: ele foi nocauteado por Vitor Belfort, no primeiro round, pelo UFC São Paulo.
Confira a entrevista na íntegra:
Como está a preparação para a sua próxima luta?
Eu estou sempre em treinamento, mesmo quando não tenho luta marcada, faço a manutenção, não paro nunca. Vou focar no condicionamento físico, treinar para cinco rounds, embora a luta seja de três. Estou treinando na Kings MMA, com o Rafael Cordeiro, e vira e mexe vou na Black House, onde tem bons treinos. Procuro variar.
Como tem sido treinar com o Rafael Cordeiro, eleito o melhor técnico no "Oscar do MMA"?
O Rafael é um cara super profissional, que não tenta mudar ninguém. Ele aproveita o que a pessoa tem de bom e tenta agregar coisas ao jogo do atleta. É o que ele está fazendo comigo, me sinto bem com isso. Já treinei outras vezes com ele, me encaixo bem no jogo que ele monta. A gente tenta unir meu estilo, mais de contra-golpe, com o que ele coloca, que é mais agressividade. Ele tenta moldar a minha característica com a dele. Isso está agregando muito para mim. Estou unindo o contra-golpe e tornando minha técnica mais forte com o ataque que ele impõe pela escola que vem.
Quais mudanças você fez para poder reencontrar os bons resultados, que não vieram no ano passado?
A mudança está acontecendo, estou sempre procurando o melhor caminho para desenvolver a minha técnica. Venho mudando devagar, mexendo na intensidade do treinamento, aumentei a quantidade de treinos lá. A mudança nem sempre enxergamos no curto período, ela vem ao longo tempo. Você não sente a diferença de imediato, mas com o decorrer do tempo dá para sentir que o meu jogo vai melhorar.
O quanto ajuda você já ter enfrentado o Dan Henderson?
Isso ajuda muito, porque você sabe o que precisa corrigir, ainda mais eu que me considero um lutador versátil. Vou estudar mais esse lance da minha luta com ele para tentar desequilibrar, achar uma brecha e tirar proveito.
Quando você enfrentou o Henderson, a luta foi criticada pela falta de emoção. Acredita que, desta vez, será diferente?
Eu acredito que essa vai ser uma luta mais intensa, um pouco mais agressiva. Nosso principal objetivo, além de trazer a vitória, é fazer um grande show. Isso está na nossa cabeça. Como profissional, ficamos no dilema entre esporte e entretenimento. Temos os dois lados, os fãs estão ali torcendo, as pessoas estão querendo ver coisas novas.
O Henderson não vive um bom momento. Isso torna a sua tarefa menos complicada?
Dan Henderson tem golpe muito forte, mão pesada, é sempre perigoso. Não existe esse pensamento de que ele está em reta final de carreira. Ele é um cara que, se conectar um golpe, pode ganhar de qualquer um. Ele entra com firmeza, treina duro e virá para buscar a vitória.
Você aposentou o Randy Couture, e e esta pode ser a última luta do Dan Henderson, que está com 45 anos. Passa pela sua cabeça essa possibilidade de encerrar a carreira de mais uma lenda do esporte?
Isso é uma coisa que não penso, olho como um atleta que está lutando em alto nível, super perigoso. Se ele vai se aposentar, é uma questão pessoal. O que ele vai fazer ou não... cada um tem seu tempo, a sua hora. Ele é um cara duro, que anos atrás ia lutar contra o Jon Jones, vinha de grandes lutas. A carreira do Dan Henderson fala por si só, então não posso subestimá-lo.
FONTE: COMBATE