Foto: Guga Matos/JC Imagem
O prejuízo para a economia pernambucana durante a greve dos caminhoneiros já ultrapassa R$ 1,2 bilhão. O dinheiro deixa de circular porque negócios feitos nos setores de comércio, serviços, indústria e agronegócio estão suspensos. Com isso, R$ 265 milhões deixaram de ser arrecadados em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em operações rotineiras de compras e vendas.
Esta é a estimativa de perdas do governo do Estado para a última semana. “Eles (os caminhoneiros) não podem prejudicar a coletividade. Cem por cento da população se sente prejudicada com a não prestação de serviços públicos básicos e com o direito de ir e vir afetado”, explica o secretário de Planejamento, Márcio Stefanni.
As consequências da paralisação são como um efeito dominó. Sem a circulação de mercadorias, principalmente de combustível, as pessoas deixam de ir às ruas para consumir, trabalhar ou abrir seus negócios. A Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe) afirma, por meio de nota, que os prejuízos são “incalculáveis”. Os empresários vão pedir às autoridades do Estado, hoje, a ampliação do prazo do pagamento dos impostos estaduais e municipais. Além disso, reforçam que o poder público deve agir com maior rigor para o escoamento do transporte de matéria-prima. “Isso só será possível com o desbloqueio das vias e a proteção daqueles que querem voltar a trafegar”, diz a instituição em nota.
Já no comércio do Centro do Recife, a estimativa é de que os empresários vão ter queda de 50% no faturamento este mês em relação a um mês de maio normal sem greves. “As pessoas estão preocupadas com combustível e gás de cozinha”, afirma o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife, Cid Lôbo.
AGROPECUÁRIA
Na agropecuária, a situação é dramática. As mercadorias perecíveis estão estragando. E não chega ração para os animais. O proprietário da Fazenda Baronesa, Edson Felix, vai jogar 6 mil litros de leite no aterro sanitário de Agrestina. “Tenho que me desfazer. Se deixar de ordenhar as vacas, elas podem pegar infecção mamária, sepse e morrer. Se isso acontecer, quebro de vez”, conta o empresário. A fazenda emprega 12 pessoas.
Às 9h desta terça-feira (29), os produtores de leite participam de reunião para discutir soluções que minimizem perdas. “A situação é preocupante. Os produtores têm 100 mil quilos de queijo para trazer ao Recife e não conseguem”, conta o presidente do Sindicato dos Produtores de Leite de Pernambuco (Sinproleite), Saulo Malta.
Cerca de 200 mil aves já morreram sem ração, segundo o presidente da Associação Avícola de Pernambuco (Avipe), Giuliano Malta. São 130 caminhões com ração para o presos nos bloqueios. “O desespero é grande. E a cada hora aumenta, as aves ficam mais fracas e vão comendo as outras. Daqui pra quinta-feira, pelo menos umas 30 empresas quebram”, revela. Giuliano afirma ainda que uma das fornecedoras do farelo de soja do setor vai passar ao Exército informações com as placas dos caminhões, os nomes dos motoristas e a localização dos veículos, para que as carretas sejam retiradas dos pontos de interdição.
O impacto na agropecuária também desperta preocupação em relação aos supermercados. Houve queda de 20% na movimentação dos clientes. “A partir de quinta-feira, nos preocupamos com a escassez maior de produtos nas lojas. Esta semana, os supermercados devem intensificar a política de limitar o número de produtos aos clientes. Não há motivo para pânico. Estamos buscando comprar a atacadistas locais, que transportam mercadorias de caminhonetes e kombi”, afirma o presidente da Associação Pernambucana de Supermercados (Apes), Edivaldo dos Santos.
JC